quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Jovens e shoppings de SP discutirão 'rolezinhos' caso a caso

Jovens de bairros da periferia de São Paulo e a associação de shopping centers anunciaram nesta quarta-feira (29) que os "rolezinhos" na capital paulista poderão passar a ser feitos em conjunto, se os shoppings aceitarem e comportarem o número de participantes previsto pela organização.

A ideia é combinar a data e o horário com o shopping, que destinará o local específico para o "rolê" –no estacionamento, por exemplo. As análises pelos shoppings que aderirem serão feitas caso a caso.

A negociação entre organizadores de "rolezinhos" e representantes de shoppings foi intermediada pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial. A conversa foi acompanhada pelo promotor de Justiça Eduardo Valério.

"Eles [os jovens] estavam dispostos a ter uma relação tranquila com os shoppings", disse o secretário da Igualdade Racial, Netinho de Paula (PC do B). Segundo ele, os rapazes reclamaram da falta de espaços públicos que atraiam jovens da periferia.

O objetivo da conversa é pôr fim aos desentendimentos gerados nos últimos "rolezinhos": de um lado, corre-corre e tumulto causado pelos jovens e, de outro, shoppings entrando na Justiça e fechando as portas.

Participaram da reunião cerca de 15 jovens das zonas sul, norte e leste de São Paulo, escolhidos por terem milhares de seguidores ("fãs") nas redes sociais.

Da parte dos shoppings estiveram presentes Luiz Fernando Veiga, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), e representantes do Shopping Metrô Itaquera. Outros shoppings ainda não se posicionaram sobre o assunto. A associação, segundo Veiga, não pode impor as medidas aos shoppings que não foram à reunião, mas irá orientá-los.

"Nós estamos preparados para receber [qualquer pessoa] dentro do esquema para o qual o shopping foi estruturado. Se passa desse limite, nós temos problemas, e aí temos que tomar algumas providências no sentido de organizar. É exatamente o que estamos fazendo aqui hoje e o que combinamos com esses jovens: que, daqui para frente, tentaremos fazer com que tudo isso, que criou tanta celeuma, passe a ser apenas mais uma atividade cultural, e nós estamos a fim de apoiá-la", disse o presidente da Abrasce.

Segundo o MC Chaverinho, 20, representante da zona leste, a ideia é marcar nos shoppings encontros menores, convocados em grupos fechados nas redes sociais –e avisar os estabelecimentos.

"Quem vai dimensionar o evento e cuidar da segurança é o shopping", disse o secretário Netinho de Paula.

Eventos maiores serão feitos em parques e praças, anunciaram os jovens. Para isso, será marcada na próxima semana uma reunião com as secretarias municipal e estadual da Cultura e da Segurança.

Nesses encontros, os jovens admitem que poderão aceitar patrocínio dos shoppings ou das marcas de roupas que costumam usar.

DISTÚRBIOS

Os jovens se comprometeram ainda a orientar seus "fãs", pelas redes sociais, a evitar violência e tumulto e a retirar do meio dos "rolezinhos" pessoas mal-intencionadas que possam aparecer para praticar vandalismo ou furtos.

"Mas não somos responsáveis por um cara armado que vá ao shopping durante o 'rolezinho'", afirmou Chaverinho.

Fonte: Folha

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