quarta-feira, 3 de abril de 2013

Diretor da Educafro se recusa a participar de audiência com Feliciano


BRASÍLIA - A crise instalada na Comissão de Direitos Humanos desde a chegada do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) à presidência produziu um efeito negativo prático: o cancelamento de uma audiência da comissão após a recusa de um militante dos direitos dos negros em participar. O GLOBO mostrou ontem que a estratégia de Feliciano, em meio à forte pressão pela saída do cargo, é demonstrar proximidade à causa dos negros e se desvencilhar da acusação de racismo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado havia preparado para esta quarta-feira, às 14 horas, a realização de uma audiência pública para discutir a inclusão no mercado de trabalho sem discriminação de cor. O evento precisou ser cancelado porque o diretor-presidente da Educafro, o frei franciscano David Santos, comunicou a Feliciano que não compareceria à Câmara.


Em entrevista ao GLOBO, frei David criticou a permanência de Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e disse que prefere comparecer à Câmara para a audiência pública depois de resolvida a crise na comissão. A Educafro é uma entidade sem fins lucrativos que prepara negros para o ingresso nas universidades públicas, por meio das cotas, e nas universidades privadas, com a obtenção de bolsas de estudo. A Educafro atua no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Brasília e em Minas Gerais. Frei David é um militante histórico da causa.

– Para nós, a comissão vive uma crise, e qualquer comissão será mais eficiente se primeiro resolver essa crise. A conjuntura toda pede a saída dele (de Feliciano), uma saída digna, até para o bem da saúde psicológica dele – afirmou frei David.

O diretor da Educafro apontou a falta de afinidade entre Feliciano e as causas da Comissão de Direitos Humanos:

– Em cada cargo é preciso provar um histórico de afinidades naquela causa. É importante que daqui para frente só possa se candidatar quem tem experiência de pelo menos três anos na defesa dos direitos humanos.

Segundo frei David, a audiência que estava prevista para hoje já estava agendada com o então presidente da comissão, deputado Domingos Dutra (PT-MA). Na gestão de Dutra, a Educafro participou de outras cinco reuniões sobre o assunto. Com Feliciano na presidência, faltou “planejamento” sobre o que seria discutido na audiência, conforme o diretor da Educafro.

– Ele me mandou um e-mail na segunda-feira, convocando para a audiência. Respondi que não é assim, de uma hora para outra. Espero que ele aprenda que um tema sério como esse deve ser agendado com antecedência – disse frei David.

Sem a audiência, a Comissão de Direitos Humanos se reúne nesta quarta apenas para discutir requerimentos, com temas relacionados à saúde indígena e à contaminação por chumbo em Santo Amaro da Purificação (BA), entre outros. Um único requerimento é de autoria de Feliciano: a viagem a Oruro, na Bolívia, prevista para a próxima segunda, 8, para acompanhar a situação dos torcedores corintianos presos na cidade.

Fonte: O Globo





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