segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Movimentos lgbt e negro exigem retratação de secretária nacional de segurança pública





As entidades defensoras dos direitos LGBT reunidas na sede da OAB/AL nesta sexta-feira, 28, decidiram exigir a retratação da Secretária Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, que em entrevista concedida ao programa jornal da Pajuçara Manhã em Maceió, disse que “o programa Brasil Mais Seguro não tem políticas para raça, etnia, opção sexual, pois tratamos todo mundo como iguais na hora da violência. Quando apuramos os crimes contra homofobia, verificamos que a motivação não é homofobia, mais as pessoas morreram por homicídio comum.”

Para o presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia, “é lamentável a postura da Secretária Regina Miki, ao excluir os grupos comprovadamente mais vulneráveis a violência – LGBT, negros, mulheres, jovens, do programa Brasil Mais Seguro. Estamos exigindo que o Ministério da Justiça reconsidere essas temáticas nas estratégias de enfrentamento a violência no Brasil, pois a secretaria desconstrói toda a fala do Governo Federal, que reconhece a necessidade deste foco nas minorias” afirmou.

Já o sociólogo Carlos Martins, pesquisador das relações étnicoracinais da UFAL e ativista do movimento negro, “A secretária Regina Miki usa de má fé quando nega as especificidades inerentes aos diversos segmentos sociais e demonstra imensa falta de respeito e deliberada intenção de invisibilizar as causas reais dos problemas que esses segmentos enfrentam além de ir na contra mão de seu próprio governo,” concluiu.

Segundo Luiz Mott, fundador do movimento LGBT, “A secretária Regina Miki tem de se retratar, pois se até a ministra Maria do Rosário reconheceu a extrema violência nos crimes contra LGBT, que comprovam o ódio homofóbico, agora vem esta cara pálida dizer que são crimes comuns. Tem de se retratar ou ser demitida já! Que a ABGLT, o Cons.Nac. LGBT e os novos Comitês contra a Homofobia se posicionem severamente exigindo explicações,” declarou o decano do movimento.

Fonte: Geledés

domingo, 30 de dezembro de 2012

Campanha publicitária exclui modelos negros mesmo falando sobre África!


Vamos problematizar a publicidade brasileira
Campanha publicitária exclui modelos negros mesmo falando sobre África.



Fico refletindo sobre esse comercial produzido por essa empresa publicitária. Vivemos em um país onde por décadas o Movimento Negro, vem tentando introduzir uma imagem negra/prpeta e fora de esteríotipos racistas na publicidade brasileira. Ora invisiblizados, ora ridicularizados, sabemos que pelo último censo boa parte da população brasileira se declara não branca, mas geralmente essa população negra e mestiça sempre é subrepresentada.

Todos sabemos que a maior parte da população do continente africano é negra, embora alguns utilizem o termo preto, essa população vem em diferentes tonalidades, um exemplo são os sudaneses comparados aos somalis, temos população não brancas até na Asia, a diversidade existe dentro do continente africano, a própria África do norte, chamada por muitos de África branca, possui população negra e mestiça, resumindo a maioria do continente africano é negro, se formos juntar todo o continente, da África.
Podem argumentar que existem brancos lá, mas a maioria da população do continente é negra. Sempre que no Brasil pensamos no continente pensaremos em povos pretos.

Sabendo do histórico de invisiblização negra no Brasil, a colorama junto com essa empresa ao produzir o comercial  África poderia ter explorado a imagem de uma modelo negra, pois vi referências da África tradicional na roupa da modelo, fizeram um comercial pra lançar uma linha África, onde não tinha nenhuma negra no comercial, não vi nenhuma mulher com tais atributos e sim um casal branco e em outra cena ela e as amigas também brancas, um comercial que utliza o continente africano como inspiração e não é capaz de convidar uma negra pra participar, sabendo das dificuldades das modelos negras no mundo da moda brasileira.

Modelos negras sofrem invisiblidade no mercado da moda brasileira e quando fazem um comercial África esquecem delas. Tops negras não possuem o direito de representarvnem o continente africano?


As agências brasileiras e residentes no Brasil devem lutar pra que a diversidade, tão propagada no Brasil, seja fielmente representada, não adianta nada falarmos de democracia racial, se as populações socialmente vistas como não brancas, estão subrepresentada. Nos Estados Unidos, país da segregação, vemos negros em publicidades, quer um exemplo lá temos diversos apresentadores negros, conte quantos temos na tv aberta brasileira, principalmente a globo a mais famosa delas.

Outro dado interessante foi o remetimento do continente africano a selvageria,. Por acaso só existem florestas e homens tribais? Até o conceito do que é selvagem deve ser questionado, pois vivemos em um mundo onde o padrão de mundo é determinado pelo mundo euro-norte-americano, dentro do continente africano, antes do periodo colonial, existiram diversas civilizações, o Egito antigo foi uma delas, cujo o verdadeiro nome é Kemet.  Tivemos os povos do reino do kongo, milhões de grupos etnicos com suas ricas culturas, o reino do mali cujo era um reino onde o rei foi considerado o homem mais rico, tivemos a civilização de kush...

E outra critica. Qual é a função do macaco no comercial?





domingo, 23 de dezembro de 2012

Carlos Moore desconstrói senso comum sobre o racismo



Carlos Moore, um dos mais importantes intelectuais negros da atualidade, veio à Curitiba no último dia 11 de dezembro para relançar o livro Racismo e Sociedade - Novas Bases Epistemológicas para entender o racismo, da editora Nandyala. Cubano radicado na Bahia, é doutor em Ciências Humanas e em Etnologia pela Universidade de Paris e chefe de Pesquisa na Escola para Estudos de Pós-Graduação e Pesquisas na Universidade do Caribe, em Kingston, na Jamaica. Moore conversou com a equipe da Imprensa da APP-Sindicato e falou sobre falácias sobre a origem do racismo, da importância de se ter estudos sérios sobre o assunto e afirma: "o racismo é um problema dos brancos". Confira na entrevista:
Qual é o tema principal do livro?

É o racismo através dos tempos, porque essa ideia que temos de que o racismo é algo recente é falsa. As pessoas supõem que o racismo tenha surgido por causa da escravidão há 400, 500 anos. Esta ideia está enraizada nas mentes e na academia. O racismo tem entre 3 e 4 mil anos de existência. Temos indícios claríssimos de racismo há 1.700 anos A.C.

Pode dar um exemplo?

Um exemplo é o Rigveda, que é o livro sagrado do hinduísmo. Nele estão descritas cenas de extermínio racial, na qual os invasores brancos dizem que Deus os mandou com a missão de exterminar o que chamavam de "extirpe" negra.

Já era contra os negros naquela época?

Claro, pois os negros estavam disseminados no planeta inteiro. A raça negra não era raça neste sentido em que hoje projetamos, porque eles não se sabiam negros. Os povos melanodérmicos - de pele preta - surgiram na África. Não havia outros povos. A raça branca é recente, que data entre 12 e 18 mil anos. Antes disso não havia brancos, nem amarelos. As raças leucodérmicas são recentes (caucásico-europóide e sino-nipônico-mongol).

A raça negra surgiu há 3 milhões de anos, concomitante com o surgimento da humanidade. Não era uma questão política. Durante 3 milhões de anos a humanidade teve pele preta porque surgiu em latitudes onde a pele protegia o organismo humano. Se fosse branca, não haveria existido a humanidade, pois era necessário um escudo contra os raios solares.

Se não fosse isso a humanidade não teria prosseguido...

Sim. Quando os humanos modernos saíram da África há 50 mil anos eles foram para climas distintos, onde havia o mínimo de raios ultravioletas, e aí começaram a morrer. Por processo de seleção natural surgiram duas outras raças que estava mais adaptadas porque a pele clara pode captar melhor o pouco de raios violetas que existem nestas zonas euro-asiáticas, do norte.

Essas três "raças", que não se conheciam, entram em combates profundos e violentos por recursos. Os grupos que avançaram para o sul começaram a despejar os negros em lutas cruéis. A partir daí esses grupos se reconhecem como grupos distintos e surge o conceito de raça.

Essa história é muito antiga, mas em pleno século XXI ainda não se superou essa disputa...

Não há como superar, porque as pessoas sequer sabem que isso ocorreu e que isso deu lugar a um tipo de consciência que os domina hoje.

Por exemplo, a disputa entre mulher e homem não está superada, mas ninguém sabe de onde surgiu. É muito longínqua mas ninguém está nem aí. As pessoas falam de sexismo em um contexto atual contemporâneo, mas onde estão os estudos sobre sexismo que se remontam há 5 mil, 10, 15 mil anos? Não há!

E você acha que o aprofundamento desses estudos ajuda a combater o racismo hoje?

Claro. Não se pode combater uma coisa que não se conhece a existência, de como surgiu, como se transformou ou como atravessou os milênios. São milênios de sedimentação. Tendo essa visão panorâmica e histórica, baseada no concreto, aquilo que a genética, por exemplo, e a biologia molecular nos permitem conhecer, assim podemos começar a analisar o problema, a partir de outras bases epistemológicas.

 Outro conceito que você contesta é que o racismo no Brasil foi mais brando que em outros países como nos EUA. Porque aqui ele foi mais perverso?

Eu não acredito em um racismo mais suave ou cordial. Racismo é uma forma de violência total. É uma rejeição total do outro, uma rejeição genocida. Por trás de todo racismo há uma intenção do genocídio, que não é o caso do sexismo. Homem não quer eliminar a mulher. Ele quer mantê-la em um posições subalternas, mas não quer exterminar sua esposa ou filha. A mesma coisa com homossexuais. As pessoas não querem exterminá-los da face da terra, pois podem ser às vezes os próprios filhos. No caso do racismo sim.

No Brasil, o extermínio que se está buscando é através da miscigenação. Uma coisa é falar de casamento entre iguais e outra coisa é miscigenação programada. Isso é eugenismo. A visão brasileira se baseia na noção de que se você cruza constantemente a raça negra com a raça branca, numa situação de inferioridade dos negros, você vai terminar por acabar com essa raça, porque o inferior quer ascender, e a ascensão no Brasil é branquear-se. Não é aceitar a diversidade, é eliminar. Esse racismo é mais letal.

Nos EUA se baseia no apartheid, que é agregador. Há dois grupos compactos e há possibilidade de negação, mas o racismo que temos aqui é de tipologia ibero-americana, ela é atomizadora. Quando se atomiza, você não negocia. É um racismo pré-industrial.

Como você acha que está a evolução da luta do movimento negro atualmente, com a adoção de medidas como cotas e ensino da cultura africana nas escolas?

Acho que o movimento negro está levando uma luta extraordinária. Mas ele está levando o peso do racismo da sociedade. Acho que a sociedade não pode progredir assim. O racismo vem dos brancos, então são os brancos que tem exercer um movimento e uma força de contraposição ao racismo.

Quais são as distorções que a mídia produz em torno desta questão? Pode citar?

A imprensa não é diferente da sociedade. Dentro da sociedade racista a imprensa tem seu papel. Assim como a universidade, ela reproduz os estereótipos e o sistema dominante. A imprensa não está aí para contestar. Ela descredita as cotas, o movimento negro, qualquer coisa que o movimento antirracista propõe a imprensa esta lá para barrar, distorcer, destruir, porque a imprensa faz parte do status quo - como a academia e a igreja. Em uma sociedade racista as instituições são racistas.

Há jornalistas que individualmente se dão conta disso e tentam nadar contra a corrente. Os movimentos antirracistas devem favorecer essas informações objetivas para atingir estes jornalistas.

Você acha que valorizar as contribuições que a cultura africana trouxe para a sociedade é uma das formas de modificar este pensamento?

Claro. É contribuir com a verdade. Falar dessa contribuição é simplesmente falar a verdade. Acontece que as escolas nunca valorizaram isso. Valorizar estas contribuições é simplesmente ser objetivo. Por exemplo, a ideia de que egípicios são brancos está bem  enraizada, porque consideram impossível que africanos tenham construídos a primeira civilização mundial, que é extraordinária. Isso não compagina com aquilo que eles têm na cabeça como sendo negro.

Tem outro exemplo para me dar?

Olha a televisão: brancos representam a virtude, a pureza e a nobreza.  O negro é bandido, inferior. Sempre aparece como sendo alguém violento.

Sendo que eles que sofreram violência historicamente.

Publicaram o mapa da violência no Brasil: em 10 anos, mais de 225 mil negros foram mortos! Em 10 anos, na Guerra Civil do Iraque morreram 138 mil pessoas. Imagina a hecatombe! Mas isso aqui é normal.

No Brasil não se admite que há racismo, mas basta ver que, por exemplo, na Assembleia Legislativa do Paraná nunca houve um deputado negro. É muito evidente.

E isso é violência, porque no Paraná 30% da população é negra. Isso quer dizer que esses 30% que não se vê nas prefeituras, no governo de estado, nos parlamentos, nas universidades, então sendo excluídos violentamente. Mas o racismo vê isso como algo normal.

Dê uma resposta para quem diz que defender a cultura negra é racismo ao contrário.

Não tenho nem que falar sobre isso! Porque racismo é sistema de poder. Os negros não tem poder em nenhum lugar no mundo. Mesmo na África, são os brancos que mandam e se os dirigentes se opõem são assassinatos. O negro não tem poder de ser racista em nenhum lugar, mesmo se fosse possível. Racismo negro não é nem possível porque os negros não podem reinventar a história. O racismo surgiu uma vez só. Não posso nem fazer comentários sobre algo tão absurdo, porque eu estaria na defensiva e é isso o que o racista quer: jogar essa acusação para que você se defenda. Eu não perco tempo com essa questão, eu coloco todo o meu tempo no ataque ao racismo.

Fonte: Geledés

Páginas Afrocentradas: Preta&Gorda




Preta&Gorda é um novo formato contra o padrão europeu de beleza que origina o racismo de cada dia e que consequentemente menospreza as mulheres pretas, obtendo através de inúmeros artifícios, dentre eles a gordofobia, uma ferramenta eficaz para discriminá-las e destituir de qualquer auto-estima.

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