sexta-feira, 23 de março de 2012

Janet Jackson insinua que recebeu boneca racista

Janet Jackson publicou uma fotografia de uma boneca no Twitter (imagem acima) e escreveu a seguinte mensagem:

«Durante a digressão ofereceram-me esta boneca, que se chama Maria. Dizia que era tal e qual como na vida real. O que é sentem quando olham para ela?»

As respostas ao tweet da cantora (e irmã mais nova de Michael Jackson) não se fizeram esperar; os seus fãs criticaram a boneca, que é inspirada na personagem Golliwogg, criada no final do século XIX num livro infantil.

A imagem da personagem tornou-se alvo de críticas ao longo dos anos (especialmente nos Estados Unidos, onde os debates sobre o racismo são sempre mais acesos) por ser considerada uma caricatura pejorativa da raça africana e por isso um insulto para os indivíduos afro-americanos.

Janet Jackson passou o ano passado na sua digressão "Number Ones: Up Close and Personal".

Fonte: My Way


PF suspeita que dupla racista planejava massacre na UnB

A Polícia Federal viu no site mantido por Marcelo Mello e Emerson Rodrigues indícios de que a dupla planejava fazer na Universidade de Brasília (UnB) um massacre semelhante ao ocorrido em uma escola pública do bairro do Realengo, no Rio. O alvo seriam estudantes do curso de Ciências Sociais, considerados "esquerdistas" por Mello. Eles ainda insinuam que Wellington Menezes de Oliveira, autor das mortes das 12 crianças em 7 de abril no ano passado, teria obtido toda a orientação deles, antes de cometer o crime. A polícia ainda não conseguiu confirmar essa conexão.
                                       
No material apreendido em Brasília, foi encontrado um mapa de uma casa de festas próxima do câmpus da UnB. Nos seus posts, Mello condena sobretudo a política de cotas raciais da universidade, em favor dos que chama de "afro-dez-sem-dentes".

O delegado do Núcleo de Repressão aos Crimes Cibernéticos, Fúlvio Cardinelli Garcia, acredita que os dois presos ontem em Curitiba podem realmente ter trocado informações com Oliveira. "Essa 'seita' pregava o extermínio daquelas pessoas que não eram fieis à causa, e o que nos chama a atenção são veiculações nesse site de mensagens referentes ao massacre de Realengo", afirmou. "Eles disseram a Wellington que ele tinha duas saídas: ou permanecia calado e se conformava com a situação ou teria de tomar uma atitude em nome da causa."

Submetralhadora. Mas o que realmente serviu de alerta para a polícia foi a ostentação de submetralhadoras em uma das páginas, no momento em que supostamente estariam planejando um massacre na UnB. "Eles manifestaram esse intento (de um atentado na universidade) e até mesmo postaram no site imagens de submetralhadoras e afirmaram que só não fariam o ato até o carnaval porque queriam o maior número possível de estudantes no local", disse o delegado. No site, um deles não esconde os sentimentos. "A cada dia que se passa fico mais ansioso, conto as balas, sonho com os gritos das vagabundas e esquerdistas chorando, implorando para viver."

O site ainda não foi retirado do ar, pois, de acordo com a polícia, está hospedado na Malásia, necessitando de uma comunicação ao governo de lá. De acordo com a PF, o nome que consta do site é represália a uma pessoa que teria expulsado Rodrigues de um fórum virtual - em que se debatia o feminismo -, por causa de opiniões abertamente preconceituosas.


Fonte: Geledés

quarta-feira, 21 de março de 2012

MPF/MA: Ministério Público Federal oferece denúncia contra professor universitário

(21/03/2012)José Cloves Verde Saraiva é acusado de racismo, xenofobia e injúria racial contra o aluno nigeriano Nuhu Ayuba, do curso de Engenharia Química, da Ufma


O Ministério Público Federal (MPF/MA) denunciou o professor de Cálculo Vetorial e Geometria Analítica da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), José Cloves Verde Saraiva, pelos crimes de racismo, xenofobia e injúria racial cometidos contra o estudante nigeriano Nuhu Ayuba.

Segundo os relatos de testemunhas dos fatos, todos alunos do denunciado, ouvidas pela Polícia Federal, o professor José Cloves Verde Saraiva fez diversas ofensas ao aluno dentro de sala de aula, o que teria prejudicado o desempenho do mesmo. O professor se referiu ao estudante, inúmeras vezes, de maneira ofensiva, inclusive afirmando que o universitário deveria “clarear a sua pele” e “voltar para a África em navio negreiro”.

O procurador da República, Israel Gonçalves Santos Silva, afirmou que “é inaceitável qualquer prática racista ou preconceituosa, principalmente a lançada no seio de um ambiente acadêmico, que deveria prezar pelo acolhimento da mais ampla diversidade sociocultural e etnicorracial, dada à pluralidade dos cidadãos que compõem o povo brasileiro", concluiu.

Diante da situação, o MPF requer que o professor José Cloves Verde Saraiva responda criminalmente pelos crimes de racismo, xenofobia e injúria racial. Se condenado por todos os crimes a pena pode chegar a 15 anos de reclusão, além do pagamento de multa indenizatória.

O MPF também está movendo uma ação de improbidade contra o professor. Para o procurador da república Israel Gonçalves, autor das ações, o professor Clóvis Saraiva incidiu também em ato de improbidade administrativa, uma vez que, descumpriu o dever de não discriminar, ofendendo, pois, princípios básicos da administração pública, como da legalidade, impessoalidade e moralidade, e, ainda em desacordo com os princípios que regem o ensino público federal e o exercício do magistério. Se for condenado, perderá o cargo público e os direitos políticos por 5 anos.

Saraiva (à esquerda) e Ayuba (à direita)

Vasco vai presentear torcida com camisas negras em São Januário

Sem poder atuar com uniforme que homenageia luta contra a discriminação, time vai entrar em campo com blusa para lembrar triste episódio no Paraguai

Sem poder enfrentar o Libertad com as camisas negras criadas no ano passado para homenagear a luta do clube contra o racismo, o Vasco conseguiu uma outra maneira de chamar a atenção para o problema enfrentado pelos zagueiros Dedé e Renato Silva no jogo de ida, no Paraguai. Assim, mesmo com o terceiro uniforme azul, os jogadores subirão ao gramado de São Januário, na noite desta quarta-feira, Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, com os uniformes negros nas mãos, que, em seguida, serão atirados para a torcida.

O Vasco não pode usar a camisa negra porque já havia acertado previamente com a arbitragem e o Libertad que jogaria com o uniforme azul. Além disso, antes do início da Libertadores, o clube teve de informar à Conmebol quais seriam as três vestimentas utilizadas na competição, ou seja, o branco com diagonal preta, o preto com diagonal branca e o azul.

Dedé posa no lançamento do uniforme contra o racismo (Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco da Gama)



domingo, 18 de março de 2012

Caso Ana Carolina Bastos Despertando "Revoltas" no Facebook

A divulgação do Abaixo-assinado Meu Cabelo é Bom, Ruim é o Racismo!, relativo ao Caso Ana Carolina Bastos despertou uma "revolta" no Facebook de Renata Farias, amiga de Nonnato Masson, um dos advogados do caso. Vejam o comentário eugenista de Helio Moraes.

Clique na imagem para aumentar

O próprio Nonnato respondeu brilhantemente com um texto que lançamos aqui para reflexão.

"MEU CABELO É BOM, NÃO É SUJO! SUJO E RUIM É O RACISMO! O cabelo crespo (ou cabelo duro) é um símbolo de identidade dos povos africanos e seus descendentes na diáspora, e isso não é de hoje.

Nosso cabelo que por muitos ainda é chamado pejorativamente de “cabelo ruim” tem uma rica e longa história.

Nas culturas africanas, o corpo é um espaço de manifestação artística, a arte dos penteados entre esses povos é antiga, desde o surgimento das primeiras civilizações o estilo do cabelo era usado para indicar o estado civil, a origem da pessoa, a idade, a religião, a identidade étnica, a riqueza e a posição social, em certas culturas, até o sobrenome de uma pessoa podia ser delatado pelo exame do cabelo, criando deste modo, formas únicas para cada clã. [ii]

O significado social do cabelo sempre foi uma riqueza para o africano. Dessa forma, os aspectos estéticos assumiam um lugar de importância na vida cultural das diferentes etnias, o cabelo funcionava como um condutor de mensagens na maioria das sociedades africanas, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem. Além disso, um estilo particular de cabelo poderia ser usado para atrair a pessoa do sexo oposto ou como sinal de um ritual religioso. [iii]

Os primeiros africanos que aportaram no Brasil escravizados tiveram seus costumes, cores e cabelos menosprezados, taxados de “feios” pela cultura dos “senhores”, que impuseram neste território um sistema de morte, roubo, destruição e exploração violenta da força de trabalho humana.

Dentre as muitas formas de violência impostas aos escravizados estava a raspagem do cabelo. Esse ato correspondia a uma mutilação, uma vez que o cabelo para muitas etnias africanas era considerado uma marca de identidade e dignidade. [iv]

De lá pra cá, muita resistência e muitas lutas sucederam na busca pela liberdade.

Vencida a batalha pelo fim da escravidão a luta passou a ser pela igualdade de direitos e respeito às diferenças.

Nesse novo contexto há uma revalorização da cultura ancestral dos povos africanos, valorizando as características negras e as miscigenadas de afrodescendentes, e sua (re)existência nas Américas entre as quais o cabelo crespo uma das principais características da beleza negra assim como as possibilidades de penteado.

Assumir os cabelos raciais/étnicos é uma atitude que acompanha os processos de conquista do direito cultural e do direito à cidadania. Os penteados dos descendentes de africanos formam verdadeiras esculturas sobre cabeças. São retratos de vários povos e civilizações duas margens do Atlântico (África/Américas) que se tocam simbolicamente e se falam pela profunda identidade que as unem. [v]

Nessa tendência cresce entre a população um sentimento de naturalização dos cortes, trançados e penteados afro. Black Power (norte americano), dread look (jamaicano) e trança nagô, são referências de elementos da estética afrodescendente já incorporados ao vocabulário da população negra, todos de forte influência em São Luís.

No Brasil as culturas africanas se adaptaram e se remodelaram. Ou seja, alguns significados deixaram de existir ou foram reinventados, assim como as técnicas, que apesar de alteradas, resistiram ao tempo e espaço, construindo e reconstruindo uma identidade nacional para os povos negros do país.

A força simbólica do cabelo crespo para os africanos continua de maneira recriada e ressignificada entre nós, seus descendentes.

Os cabelos crespos e as formas possíveis de penteados assumem para o africano e os afrodescendentes a importância de resgatar, pela estética, memórias ancestrais, memórias próximas, familiares e cotidianas. [vi]

Quem usa seu cabelo naturalmente crespo é identificado, consciente ou inconscientemente, por onde anda como sendo alguém que assume sua negritude, que tem orgulho de sua herança africana.

Ao contrário do que uma ideologia racista apregoa o cabelo crespo não é ruim, tem uma longa história, já foi cativo nesta terra e por sua luta hoje é livre.

Solte-o e prenda o racismo!"

Não satisfeito, o ofensor ainda permaneceu a retrucar, mesmo após os protestos também de sua amiga.

Clique na imagem para aumentar
Resta esperar que medidas serão tomadas pelos advogados da vítima de novo ato de discriminação. São as máscaras caindo no país da democracia racial.



sexta-feira, 16 de março de 2012

Abaixo-assinado Meu Cabelo é Bom, Ruim é o Racismo!

Para: Ministério Público Estadual do Maranhão


Nós, abaixo assinados, em atitude de repúdio ao ato de discriminação racial ocorrido na escola estadual Unidade Integrada Estado do Pará, do bairro da Liberdade (maior quilombo urbano do Maranhão, situado localizado no município de São Luís, sua capital), dirigida pela Srª Socorro Buhatem, que de acordo com a denúncia, no dia 23/02/2012 por volta das 8:00 da manhã, em frente à escola, de forma preconceituosa discriminou a aluna Ana Carolina Bastos de modo a expô-la em situação de grande constrangimento ao impedir seu ingresso na escola dizendo em público de forma sarcástica que teria levado um susto ao ver o cabelo da aluna, que usa-o no estilo “black power”, e teria orientado-a a não mais usar o cabelo daquela forma, pois do contrário não iria mais entrar na escola.

Desta forma, caso comprovada a denúncia, a diretora estaria cometendo o crime de Racismo e infligindo o artigo 6º da lei 7.716 de 1988.(Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau) .

Por conta disto, viemos através deste, solicitar das autoridades competentes que tomem as providencias cabíveis no sentido de fazer reparar o dano causado à aluna e garantir o respeito a individualidade, tradição, etinicidade e cultura não apenas da aluna Ana Carolina Bastos mas também das demais crianças e adolescentes negras da instituição escolar supracitada.


Os signatários

Assine em: Meu Cabelo é Bom, Ruim é o Racismo!

Ana Carolina (à direita) e sua irmã Michelly, 
que presenciou o ato denunciado.

Deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB) é acusado de racismo contra servidor

O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) foi acusado nesta quarta-feira (14/3) de racismo praticado dentro do Congresso. A Polícia do Senado vai investigar a ocorrência, que teve como alvo um servidor público. O boletim de ocorrência informa que o Leréia chamou o policial de pele negra de "macaco" e que mandou que ele "procurasse um pau para subir", antes de se dirigir do plenário para o cafezinho dos senadores.

A ofensa, de acordo com o documento, começou quanto o policial, que trabalha no Senado e não na Câmara, pediu ao deputado que se identificasse. Irritado, Leréia respondeu que o servidor deveria saber quem era ele ou que, então, "procurasse na Internet porque ele não iria se identificar". E repetiu a sugestão de "procurar um pau para subir", ofensa testemunhada de perto por dois senadores. Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) pediu ao policial que "não retornasse mais a falar com o cidadão que se dizia deputado". "Foi feio, o segurança usou a prerrogativa, mas ele não quis se identificar", lembrou Valadares. Já o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) entendeu que o policial falou com o deputado num tom elevado de voz e com o dedo em riste. "Eu teria dado voz de prisão" (contra o servidor), disse o senador peemedebista.

O boletim de ocorrência registra que não foi esse o primeiro envolvimento de Carlos Alberto Leréia numa ocorrência no plenário do Senado. Na ocasião anterior, ele teria mandado outro policial "tomar no c...".

O deputado confirmou ter dito "vai catar um pau para subir" ao funcionário. Mas negou tê-lo chamado de macaco e alega que não tem de se identificar para entrar no plenário. "Ele queria que eu mostrasse a identidade", protestou, dizendo que acha desnecessário até mesmo usar na lapela o broche de parlamentar. "Não vou mostrar a identidade no Congresso, se broche for a maneira de entrar aí (plenário), é só mandar fazer (um broche). Radialista, Leréia disse que mandou seus advogados entrarem com uma representação contra o policial. Já o diretor-geral da Policia do Senado, Pedro Araujo, informa que, se confirmados, os fatos constarão da representação que será encaminhada à corregedoria do Senado, à qual compete pedir providências à corregedoria da Câmara dos Deputados.

Fonte: A Redação

terça-feira, 13 de março de 2012

Caso Ana Carolina Bastos: O Movimento Negro no Combate ao Racismo Instituicional

No último dia 23 o Facebook foi varrido com uma denúncia: a jovem Ana Carolina Bastos, integrante de diversas instituições do Movimento Negro da cidade de São Luís, capital do Maranhão (estado que segundo o Censo 2010 possui 75,2% de população negra), teria sido impedida pela diretora da Unidade Integrada Estado do Pará (escola de Ensino Fundamental e Médio da rede estadual) por conta do penteado afro que utiliza.




Procurada pela tia da jovem a diretora tomou a atitude padrão dos acusados de crime de racismo, negando tudo e reduzindo a questão a um mal entendido, ofendendo a inteligência da vítima.

Ana Carolina (de blusa preta) e sua irmã no 
Centro de Cultura Negra do Maranhão


Representantes de instituições como o Centro de Cultura Negra do Maranhão, o Núcleo de Estudos AfroBrasileiros da Universidade Federal do Maranhão, o Fórum de Juventude Negra, o Fórum de Juventude de Terreiros, o Grupo de Mulheres Negras Mãe Andressa, a Associação das Trancistas de São Luís, dentre outras se reuniram já na manhã seguinte para traçar uma estratégia para tomar as medidas judiciais cabíveis contra a diretora, que encontra-se no cargo há mais de 30 anos na mesma escola. O caso indignou ainda mais os militantes por se tratar de uma tradicional comunidade negra da periferia da cidade, com longo histórico de resistência verificado pelo grande número de movimentos políticos, culturais e religiosos da área, conhecida como o maior Quilombo Urbano do estado e um dos maiores do país. 



Além do Boletim de Ocorrência registrado e da  posterior denúncia feita ao Ministério Público Estadual, ficou definida uma manifestação para o dia 9 de março, a última sexta-feira, que foi amplamente coberta pela mídia local e por diversos portais de internet. 


Confira as principais matérias na internet sobre o caso:

O Imparcial - Diretora de escola de SL é acusada de cometer racismo contra aluna

Conlutas - Quilombo Raça e Classe do Maranhão realiza ato: Meu cabelo é bom, ruim é o racismo!

:: Imirante.com - Seduc vai investigar caso de racismo em escola ::

:: Imirante.com - Estudante sofre racismo no bairro da Liberdade ::

Último Segundo Ig - Aluna diz que foi barrada em escola por corte de cabelo e roupa


Acesse aqui mais de 200 fotos do ato                                                                                                                                                                                                     público realizado no bairro da Liberdade.

Quaisquer novidades sobre o caso o blog divulgar´.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Parentes de jovem assassinado protestam em frente a shopping


Cerca de cem pessoas, entre elas parentes, amigos e vizinhos de Tarsis Santos Lima, de 17 anos, que foi assassinado a tiros, na noite de sexta-feira (2), enquanto atravessava uma das passarelas que dão acesso ao Shopping Salvador, protestaram em frente ao empreendimento, na tarde deste sábado (3).

O grupo bloqueou a entrada principal do shopping, pedindo por justiça. Por conta dos protestos, as vias de acesso à região, como as avenidas Paralela e Antonio Carlos Magalhães tiveram retenções durante parte da tarde, segundo a Transalvador.

De acordo com a Polícia, os tiros que mataram Tarsis foram disparados por um segurança do shopping, que estava perseguindo um grupo de jovens que tentavam assaltar uma senhora em uma das passarelas que cruzam o estabelecimento.

Os familiares de Tarsis informaram que o rapaz não tinha nada a ver com o crime, e apenas utilizava o acesso, acompanhado de parentes, a caminho de uma festa, quando dois homens vestindo jeans e camisas pretas atiraram contra ele.  Ainda segundo os parentes do jovem, os homens teriam dito que confundiram o rapaz com outra pessoa.

De acordo com a assessoria do shopping, nenhum funcionário do estabelecimento está envolvido no assassinato de Tarsis e os seguranças não usam armas.

Manifesto da Comunidade Quilombola Rio dos Macacos


A Marinha como inimiga histórica da população negra do Brasil - vide o exemplo da Revolta da Chibata, em 1910, e, 100 anos depois, os recentes eventos ocorridos em Alcântara, no Maranhão, em Marambaia, no Rio de Janeiro, e, agora, no Quilombo Rio dos Macacos, Bahia, onde mais uma vez o Ministério da Defesa, através da Marinha, corre o risco de responder numa corte internacional dada a situação de violações composta por um repertório que passa desde o impedimento de crianças irem à escola até a negação de socorro a pessoas centenárias. No território quilombola do Rio dos Macacos, oficiais da Marinha estão diretamente implicados em casos que levaram até mesmo a óbito.

Se tem uma expressão entre os poderes no Brasil que não conhecemos são as Forças Armadas, que se constituíram no País desde o início do século XIX com a missão de caçar negros e indígenas, impedindo qualquer forma de organização política destes dois segmentos . Ao longo do século XX, esta mesma instituição se articulou e cresceu no Brasil, sustentada por três pilares: trata-se de uma organização patrimonialista, sectária e focada na estratégia de guerra onde a maioria da população é tratada como inimiga. Só por isso foi possível atravessarmos o século XX com intervalo de democracia e realidade de ditadura, pois o último princípio de sustentação das forças armadas no Brasil conta com o elemento de ausência de qualquer mecanismo de diálogo e controle social por parte da população.

Portanto, o que está acontecendo em Rio dos Macacos coloca a Marinha em rota de colisão com a sociedade democrática de direitos, onde todas as instituições do Estado estão funcionando. A Marinha, enquanto instituição anunciada em sua missão de defesa, tem atuado constantemente violando os direitos humanos dessa e de outras comunidades que por gerações inteiras lutaram para conquistar, implicando na negação do direito de ir e vir, de expressão, de organização política, de acesso aos serviços básicos, como educação e saúde, do modo ser e fazer das comunidades que habitam secularmente e que tiveram seus territórios invadidos datado nos últimos 50 anos.

Nos últimos meses, como forma de enfrentar a organização política da comunidade Rio dos Macacos e da solidariedades de muitos grupos da Bahia e do Brasil, a Marinha protagonizou inúmeras ações violentas a exemplo do assédio diário à comunidade com dezenas de fuzileiros armados; invasão de domicílios atentando contra os direitos das mulheres; uso ostensivo de armamento exclusivo das forças armadas criando verdadeiros traumas em crianças, adolescente e idosos, que tiveram casas invadidas e armas apontadas para as suas cabeças; impedimento das atividades econômicas tradicionalmente desenvolvidas pela comunidade, como a agricultura e a pesca de subsistência como forma de inviabilizar a permanência no território.

Um saldo desse conflito desigual se evidencia no grande número de crianças, adolescentes e adultos que foram impedidas ou que foram forçadas a desistir de frequentar a escola. Na comunidade de Rio dos Macacos, dois fuzileiros ficavam de prontidão num ponto denominado pela comunidade como “barragem” para impedir a saída e entrada de pessoas, e quem insistiu foi espancado, preso e humilhado publicamente como castigo exemplar. Desde a década de 1970 que mais de 50 famílias foram expulsas do território e se mantém alto nível de hostilidade aos que permaneceram resistindo.

A disputa não se dá apenas no campo objetivo, pois a Marinha, ao destruir dois terreiros de Candomblé em Rio dos Macacos, também estabeleceu uma guerra contra a sustentação simbólica, que incide diretamente no ataque à memória, à cultura e às tradições, elementos fundamentais à identidade quilombola. Neste ponto, a Marinha viola todos os protocolos internacionais assinados pelo Brasil, a exemplo da Declaração de Durban, resultante da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, na África do Sul, em 2001.

Diante da ampla mobilização e denúncias tão contundentes, diferentes órgãos e instâncias da administração pública do Governo Federal (SEPPIR, FCP, AGU, PGF, PGU, MDA,INCRA, MINISTÉRIO DA DEFESA E SECRETARIA GERAL DA PRESIDENCIA), implicados na garantia dos direitos das comunidades quilombolas, garantido no artigo 68 dos atos das disposições transitórias da Constituição Federal de 1988, que garante que “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos”, regulamentado no decreto 4887/2003, em conformidade com Convenção 169 da OIT, tomaram como decisão realizar imediatamente o RTID (Relatório Técnico de Identificação e Delimitação), que é uma peça técnica fundamental para que a presença da comunidade no território seja entendida pelos poderes públicos.

Estranhamente e de forma arbitrária, a Marinha achou-se no direito de impedir um órgão da administração federal, o INCRA, de cumprir com o dever constitucional e o acordo institucional firmado no dia 3 de novembro de 2011. No dia 09 de dezembro, a Marinha anunciou que não ia permitir a entrada dos técnicos do INCRA no local, alegando que as ações daquele órgão no sentido de realizar os estudos necessários à regularização das terras dos quilombolas e assim cumprir o que manda a Constituição seriam incompatíveis com o interesse público. Leia-se, como interesse de ampliar a Vila dos Militares.

Desta forma, enquanto a Presidenta descansa sem talvez saber o que se passa a poucos metros da caserna, guarnecida pelo aparato militar, também o INCRA e seus servidores estão sob ameaça, pois a Marinha, nos termos do documento anexo, promete, “utilizando-se dos meios permitidos em Regulamento para inibir qualquer prática atentatória à perda das garantias de manutenção da Dominialidade Federal da região”, barrar o processo de realização dos direitos constitucionais da comunidade.

Por tudo relatado, exigimos providências imediatas por parte da Presidenta da República e pelo Ministro da Defesa, pelo fim da violação dos direitos humanos, pelo garantia dos direitos quilombolas e pela imediata regularização fundiária do Território da Comunidade Quilombola Rio dos Macacos!!!

Assinam:
- Comunidade Quilombola do Rio dos Macacos
- Comunidades Quilombolas do Recôncavo: Alto do Tororó, São Francisco do Paraguaçu, Giral Grande, Tabatinga, Guerém, Porto da Pedra, Salaminas-- - Putumuju, Santiago do Iguape, Bananeiras, Maracanã, Porto dos Cavalos, Praia Grande, São Brás, Cambuta, Acupe de Santo Amaro
- Conselho Quilombola da Chapada - BA
- Movimento de Pescadores e Pescadoras - BA
- CDCN - Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra da Bahia
- Articulação em Políticas Públicas da Bahia
- AATR – Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais - BA
- Conselho Pastoral dos Pescadores
- FASE-BA
GT Combate ao Racismo Ambiental*

Componentes do GT Combate ao Racismo Ambiental:
AATR – Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia – Salvador – BA
Amigos da Terra Brasil – Porto Alegre – RS
ANAÍ – Salvador – BA
Associação Aritaguá – Ilhéus – BA
Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé – Porto Velho – RO
Associação de Moradores de Porto das Caixas – Itaboraí – RJ
Associação Socioambiental Verdemar – Cachoeira – BA
CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva) – Belo Horizonte – MG
Central Única das Favelas (CUFA-CEARÁ) – Fortaleza – CE
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA) – Belém – PA
Coordenação Nacional de Juventude Negra – Recife – PE
CEPEDES (Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia) – Eunápolis – BA
CPP (Coordenação da Pastoral dos Pescadores) Nacional –
CPP BA (Coordenação da Pastoral dos Pescadores da Bahia) – Salvador – BA
CPP CE – Fortaleza – CE
CPP Nordeste – Recife (PE, AL, SE, PB, RN)
CPP Norte (Paz e Bem) – Belém – PA
CPP Juazeiro – BA
CRIOLA – Rio de Janeiro – RJ
EKOS – Instituto para a Justiça e a Equidade – São Luís – MA
FAOR – Fórum da Amazônia Oriental – Belém – PA
Fase Amazônia – Belém – PA
Fase Nacional (Núcleo Brasil Sustentável) – Rio de Janeiro – RJ
FDA (Frente em Defesa da Amazônia) – Santarém – PA
FIOCRUZ – Pedro Albajar – RJ
Fórum Carajás – São Luís – MA
Fórum de Defesa da Zona Costeira do Ceará – Fortaleza – CE
FUNAGUAS – Terezina – PI
GELEDÉS – Instituto da Mulher Negra – São Paulo – SP
GPEA (Grupo Pesquisador em Educação Ambiental da UFMT) – Cuiabá – MT
Grupo de Pesquisa Historicidade do Estado e do Direito: interações sociedade e meio ambiente, da UFBA – Salvador – BA
GT Observatório e GT Água e Meio Ambiente do Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) - Belém – PA
IARA – Rio de Janeiro – RJ
Ibase – Rio de Janeiro – RJ
INESC – Brasília – DF
Instituto Búzios – Salvador – BA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense – IF Fluminense – Macaé – RJ
Instituto Terramar – Fortaleza – CE
Justiça Global – Rio de Janeiro – RJ
Movimento Cultura de Rua (MCR) – Fortaleza – CE
Movimento Inter-Religioso (MIR/Iser) – Rio de Janeiro – RJ
Movimento Popular de Saúde de Santo Amaro da Purificação (MOPS) – Santo Amaro da Purificação – BA
Movimento Wangari Maathai – Salvador – BA
NINJA – Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (Universidade Federal de São João del-Rei) – São João del-Rei – MG
Núcleo TRAMAS (Trabalho Meio Ambiente e Saúde para Sustentabilidade/UFC) – Fortaleza – CE
Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego – Macaé – RJ
Omolaiyè (Sociedade de Estudos Étnicos, Políticos, Sociais e Culturais) – Aracajú – SE
ONG.GDASI – Grupo de Defesa Ambiental e Social de Itacuruçá – Mangaratiba – RJ
Opção Brasil – São Paulo – SP
Oriashé Sociedade Brasileira de Cultura e Arte Negra – São Paulo – SP
Projeto Recriar – Ouro Preto – MG
Rede Axé Dudu – Cuiabá – MT
Rede Matogrossense de Educação Ambiental – Cuiabá – MT
RENAP Ceará – Fortaleza – CE
Sociedade de Melhoramentos do São Manoel – São Manoel – SP
Terra de Direitos – Paulo Afonso – BA
TOXISPHERA – Associação de Saúde Ambiental – PR
Comunicação, Militância e Atitude – CMA HIP HOP - Salvador-BA
Campanha Reaja ou Será Morto! Reaja ou Será Morta! - BA
Quilombo Xis - BA
Bando de Teatro do Olodum - BA

Participantes individuais:

Ana Almeida – Salvador – BA
Ana Paula Cavalcanti - Rio de Janeiro - RJ
Angélica Cosenza Rodrigues - Juiz de Fora – Minas
Carmela Morena Zigoni – Brasília – DF
Cecília Melo – Rio de Janeiro – RJ
Cíntia Beatriz Müller – Salvador – BA
Cláudio Silva – Rio de Janeiro – RJ
Daniel Fonsêca – Fortaleza – CE
Daniel Silvestre – Brasília – DF
Danilo D’Addio Chammas - São Luiz – MA
Diogo Rocha – Rio de Janeiro – RJ
Florival de José de Souza Filho – Aracajú – SE
Igor Vitorino – Vitória – ES
Janaína Tude Sevá – Rio de Janeiro – RJ
Josie Rabelo – Recife – PE
Juliana Souza – Rio de Janeiro – RJ
Luan Gomes dos Santos de Oliveira – Natal – RN
Maria do Carmo Barcellos – Cacoal – RO
Mauricio Sebastian Berger – Córdoba, Argentina
Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio – São Carlos - SP
Pedro Rapozo – Manaus – AM
Raquel Giffoni Pinto – Volta Redonda – RJ
Ricardo Stanziola – São Paulo – SP
Ruben Siqueira – Salvador – BA
Rui Kureda – São Paulo – SP
Samuel Marques – Salvador – BA
Tania Pacheco - Rio de Janeiro – RJ
Teresa Cristina Vital de Sousa – Recife – PE
Tereza Ribeiro – Rio de Janeiro – RJ  


quinta-feira, 1 de março de 2012

Chamada para seleção de textos inéditos para a edição Nº 4 da Revista da ABPN

Chamada para seleção de textos inéditos para a edição Nº 4 da Revista da ABPN


A Revista da ABPN receberá, até o dia 4 de abril 2011, textos inéditos sobre a temática "Mídia e Racismo".

Obrigatoriamente, os textos devem ter como foco as Relações Etnicorraciais no Brasil, nos países africanos e nos demais espaços afro-diaspóricos.

A Revista da ABPN aceita trabalhos originais e inéditos em português, espanhol, inglês e francês em diversas modalidades (artigos, entrevistas e resenhas), submetidos em consonância com as normas editoriais da revista. Os manuscritos recebidos serão avaliados pelo sistema duplo-cego de revisão.

Os textos selecionados serão publicados na edição de n. 4 da Revista digital da ABPN.

Cada proponente deve realizar o seu cadastro no site da revista e em seguida, registrar a submissão na seção Página do usuário . Para mais informações, acesse as Diretrizes para Autores .

Eventuais dúvidas devem ser remetidas à equipe editorial pelo endereço revista@abpn.org.br

Atenciosamente,
Equipe editorial da Revista da ABPN
Fonte: Revista da ABPN

 
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