segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Movimentos lgbt e negro exigem retratação de secretária nacional de segurança pública





As entidades defensoras dos direitos LGBT reunidas na sede da OAB/AL nesta sexta-feira, 28, decidiram exigir a retratação da Secretária Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, que em entrevista concedida ao programa jornal da Pajuçara Manhã em Maceió, disse que “o programa Brasil Mais Seguro não tem políticas para raça, etnia, opção sexual, pois tratamos todo mundo como iguais na hora da violência. Quando apuramos os crimes contra homofobia, verificamos que a motivação não é homofobia, mais as pessoas morreram por homicídio comum.”

Para o presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia, “é lamentável a postura da Secretária Regina Miki, ao excluir os grupos comprovadamente mais vulneráveis a violência – LGBT, negros, mulheres, jovens, do programa Brasil Mais Seguro. Estamos exigindo que o Ministério da Justiça reconsidere essas temáticas nas estratégias de enfrentamento a violência no Brasil, pois a secretaria desconstrói toda a fala do Governo Federal, que reconhece a necessidade deste foco nas minorias” afirmou.

Já o sociólogo Carlos Martins, pesquisador das relações étnicoracinais da UFAL e ativista do movimento negro, “A secretária Regina Miki usa de má fé quando nega as especificidades inerentes aos diversos segmentos sociais e demonstra imensa falta de respeito e deliberada intenção de invisibilizar as causas reais dos problemas que esses segmentos enfrentam além de ir na contra mão de seu próprio governo,” concluiu.

Segundo Luiz Mott, fundador do movimento LGBT, “A secretária Regina Miki tem de se retratar, pois se até a ministra Maria do Rosário reconheceu a extrema violência nos crimes contra LGBT, que comprovam o ódio homofóbico, agora vem esta cara pálida dizer que são crimes comuns. Tem de se retratar ou ser demitida já! Que a ABGLT, o Cons.Nac. LGBT e os novos Comitês contra a Homofobia se posicionem severamente exigindo explicações,” declarou o decano do movimento.

Fonte: Geledés

domingo, 30 de dezembro de 2012

Campanha publicitária exclui modelos negros mesmo falando sobre África!


Vamos problematizar a publicidade brasileira
Campanha publicitária exclui modelos negros mesmo falando sobre África.



Fico refletindo sobre esse comercial produzido por essa empresa publicitária. Vivemos em um país onde por décadas o Movimento Negro, vem tentando introduzir uma imagem negra/prpeta e fora de esteríotipos racistas na publicidade brasileira. Ora invisiblizados, ora ridicularizados, sabemos que pelo último censo boa parte da população brasileira se declara não branca, mas geralmente essa população negra e mestiça sempre é subrepresentada.

Todos sabemos que a maior parte da população do continente africano é negra, embora alguns utilizem o termo preto, essa população vem em diferentes tonalidades, um exemplo são os sudaneses comparados aos somalis, temos população não brancas até na Asia, a diversidade existe dentro do continente africano, a própria África do norte, chamada por muitos de África branca, possui população negra e mestiça, resumindo a maioria do continente africano é negro, se formos juntar todo o continente, da África.
Podem argumentar que existem brancos lá, mas a maioria da população do continente é negra. Sempre que no Brasil pensamos no continente pensaremos em povos pretos.

Sabendo do histórico de invisiblização negra no Brasil, a colorama junto com essa empresa ao produzir o comercial  África poderia ter explorado a imagem de uma modelo negra, pois vi referências da África tradicional na roupa da modelo, fizeram um comercial pra lançar uma linha África, onde não tinha nenhuma negra no comercial, não vi nenhuma mulher com tais atributos e sim um casal branco e em outra cena ela e as amigas também brancas, um comercial que utliza o continente africano como inspiração e não é capaz de convidar uma negra pra participar, sabendo das dificuldades das modelos negras no mundo da moda brasileira.

Modelos negras sofrem invisiblidade no mercado da moda brasileira e quando fazem um comercial África esquecem delas. Tops negras não possuem o direito de representarvnem o continente africano?


As agências brasileiras e residentes no Brasil devem lutar pra que a diversidade, tão propagada no Brasil, seja fielmente representada, não adianta nada falarmos de democracia racial, se as populações socialmente vistas como não brancas, estão subrepresentada. Nos Estados Unidos, país da segregação, vemos negros em publicidades, quer um exemplo lá temos diversos apresentadores negros, conte quantos temos na tv aberta brasileira, principalmente a globo a mais famosa delas.

Outro dado interessante foi o remetimento do continente africano a selvageria,. Por acaso só existem florestas e homens tribais? Até o conceito do que é selvagem deve ser questionado, pois vivemos em um mundo onde o padrão de mundo é determinado pelo mundo euro-norte-americano, dentro do continente africano, antes do periodo colonial, existiram diversas civilizações, o Egito antigo foi uma delas, cujo o verdadeiro nome é Kemet.  Tivemos os povos do reino do kongo, milhões de grupos etnicos com suas ricas culturas, o reino do mali cujo era um reino onde o rei foi considerado o homem mais rico, tivemos a civilização de kush...

E outra critica. Qual é a função do macaco no comercial?





domingo, 23 de dezembro de 2012

Carlos Moore desconstrói senso comum sobre o racismo



Carlos Moore, um dos mais importantes intelectuais negros da atualidade, veio à Curitiba no último dia 11 de dezembro para relançar o livro Racismo e Sociedade - Novas Bases Epistemológicas para entender o racismo, da editora Nandyala. Cubano radicado na Bahia, é doutor em Ciências Humanas e em Etnologia pela Universidade de Paris e chefe de Pesquisa na Escola para Estudos de Pós-Graduação e Pesquisas na Universidade do Caribe, em Kingston, na Jamaica. Moore conversou com a equipe da Imprensa da APP-Sindicato e falou sobre falácias sobre a origem do racismo, da importância de se ter estudos sérios sobre o assunto e afirma: "o racismo é um problema dos brancos". Confira na entrevista:
Qual é o tema principal do livro?

É o racismo através dos tempos, porque essa ideia que temos de que o racismo é algo recente é falsa. As pessoas supõem que o racismo tenha surgido por causa da escravidão há 400, 500 anos. Esta ideia está enraizada nas mentes e na academia. O racismo tem entre 3 e 4 mil anos de existência. Temos indícios claríssimos de racismo há 1.700 anos A.C.

Pode dar um exemplo?

Um exemplo é o Rigveda, que é o livro sagrado do hinduísmo. Nele estão descritas cenas de extermínio racial, na qual os invasores brancos dizem que Deus os mandou com a missão de exterminar o que chamavam de "extirpe" negra.

Já era contra os negros naquela época?

Claro, pois os negros estavam disseminados no planeta inteiro. A raça negra não era raça neste sentido em que hoje projetamos, porque eles não se sabiam negros. Os povos melanodérmicos - de pele preta - surgiram na África. Não havia outros povos. A raça branca é recente, que data entre 12 e 18 mil anos. Antes disso não havia brancos, nem amarelos. As raças leucodérmicas são recentes (caucásico-europóide e sino-nipônico-mongol).

A raça negra surgiu há 3 milhões de anos, concomitante com o surgimento da humanidade. Não era uma questão política. Durante 3 milhões de anos a humanidade teve pele preta porque surgiu em latitudes onde a pele protegia o organismo humano. Se fosse branca, não haveria existido a humanidade, pois era necessário um escudo contra os raios solares.

Se não fosse isso a humanidade não teria prosseguido...

Sim. Quando os humanos modernos saíram da África há 50 mil anos eles foram para climas distintos, onde havia o mínimo de raios ultravioletas, e aí começaram a morrer. Por processo de seleção natural surgiram duas outras raças que estava mais adaptadas porque a pele clara pode captar melhor o pouco de raios violetas que existem nestas zonas euro-asiáticas, do norte.

Essas três "raças", que não se conheciam, entram em combates profundos e violentos por recursos. Os grupos que avançaram para o sul começaram a despejar os negros em lutas cruéis. A partir daí esses grupos se reconhecem como grupos distintos e surge o conceito de raça.

Essa história é muito antiga, mas em pleno século XXI ainda não se superou essa disputa...

Não há como superar, porque as pessoas sequer sabem que isso ocorreu e que isso deu lugar a um tipo de consciência que os domina hoje.

Por exemplo, a disputa entre mulher e homem não está superada, mas ninguém sabe de onde surgiu. É muito longínqua mas ninguém está nem aí. As pessoas falam de sexismo em um contexto atual contemporâneo, mas onde estão os estudos sobre sexismo que se remontam há 5 mil, 10, 15 mil anos? Não há!

E você acha que o aprofundamento desses estudos ajuda a combater o racismo hoje?

Claro. Não se pode combater uma coisa que não se conhece a existência, de como surgiu, como se transformou ou como atravessou os milênios. São milênios de sedimentação. Tendo essa visão panorâmica e histórica, baseada no concreto, aquilo que a genética, por exemplo, e a biologia molecular nos permitem conhecer, assim podemos começar a analisar o problema, a partir de outras bases epistemológicas.

 Outro conceito que você contesta é que o racismo no Brasil foi mais brando que em outros países como nos EUA. Porque aqui ele foi mais perverso?

Eu não acredito em um racismo mais suave ou cordial. Racismo é uma forma de violência total. É uma rejeição total do outro, uma rejeição genocida. Por trás de todo racismo há uma intenção do genocídio, que não é o caso do sexismo. Homem não quer eliminar a mulher. Ele quer mantê-la em um posições subalternas, mas não quer exterminar sua esposa ou filha. A mesma coisa com homossexuais. As pessoas não querem exterminá-los da face da terra, pois podem ser às vezes os próprios filhos. No caso do racismo sim.

No Brasil, o extermínio que se está buscando é através da miscigenação. Uma coisa é falar de casamento entre iguais e outra coisa é miscigenação programada. Isso é eugenismo. A visão brasileira se baseia na noção de que se você cruza constantemente a raça negra com a raça branca, numa situação de inferioridade dos negros, você vai terminar por acabar com essa raça, porque o inferior quer ascender, e a ascensão no Brasil é branquear-se. Não é aceitar a diversidade, é eliminar. Esse racismo é mais letal.

Nos EUA se baseia no apartheid, que é agregador. Há dois grupos compactos e há possibilidade de negação, mas o racismo que temos aqui é de tipologia ibero-americana, ela é atomizadora. Quando se atomiza, você não negocia. É um racismo pré-industrial.

Como você acha que está a evolução da luta do movimento negro atualmente, com a adoção de medidas como cotas e ensino da cultura africana nas escolas?

Acho que o movimento negro está levando uma luta extraordinária. Mas ele está levando o peso do racismo da sociedade. Acho que a sociedade não pode progredir assim. O racismo vem dos brancos, então são os brancos que tem exercer um movimento e uma força de contraposição ao racismo.

Quais são as distorções que a mídia produz em torno desta questão? Pode citar?

A imprensa não é diferente da sociedade. Dentro da sociedade racista a imprensa tem seu papel. Assim como a universidade, ela reproduz os estereótipos e o sistema dominante. A imprensa não está aí para contestar. Ela descredita as cotas, o movimento negro, qualquer coisa que o movimento antirracista propõe a imprensa esta lá para barrar, distorcer, destruir, porque a imprensa faz parte do status quo - como a academia e a igreja. Em uma sociedade racista as instituições são racistas.

Há jornalistas que individualmente se dão conta disso e tentam nadar contra a corrente. Os movimentos antirracistas devem favorecer essas informações objetivas para atingir estes jornalistas.

Você acha que valorizar as contribuições que a cultura africana trouxe para a sociedade é uma das formas de modificar este pensamento?

Claro. É contribuir com a verdade. Falar dessa contribuição é simplesmente falar a verdade. Acontece que as escolas nunca valorizaram isso. Valorizar estas contribuições é simplesmente ser objetivo. Por exemplo, a ideia de que egípicios são brancos está bem  enraizada, porque consideram impossível que africanos tenham construídos a primeira civilização mundial, que é extraordinária. Isso não compagina com aquilo que eles têm na cabeça como sendo negro.

Tem outro exemplo para me dar?

Olha a televisão: brancos representam a virtude, a pureza e a nobreza.  O negro é bandido, inferior. Sempre aparece como sendo alguém violento.

Sendo que eles que sofreram violência historicamente.

Publicaram o mapa da violência no Brasil: em 10 anos, mais de 225 mil negros foram mortos! Em 10 anos, na Guerra Civil do Iraque morreram 138 mil pessoas. Imagina a hecatombe! Mas isso aqui é normal.

No Brasil não se admite que há racismo, mas basta ver que, por exemplo, na Assembleia Legislativa do Paraná nunca houve um deputado negro. É muito evidente.

E isso é violência, porque no Paraná 30% da população é negra. Isso quer dizer que esses 30% que não se vê nas prefeituras, no governo de estado, nos parlamentos, nas universidades, então sendo excluídos violentamente. Mas o racismo vê isso como algo normal.

Dê uma resposta para quem diz que defender a cultura negra é racismo ao contrário.

Não tenho nem que falar sobre isso! Porque racismo é sistema de poder. Os negros não tem poder em nenhum lugar no mundo. Mesmo na África, são os brancos que mandam e se os dirigentes se opõem são assassinatos. O negro não tem poder de ser racista em nenhum lugar, mesmo se fosse possível. Racismo negro não é nem possível porque os negros não podem reinventar a história. O racismo surgiu uma vez só. Não posso nem fazer comentários sobre algo tão absurdo, porque eu estaria na defensiva e é isso o que o racista quer: jogar essa acusação para que você se defenda. Eu não perco tempo com essa questão, eu coloco todo o meu tempo no ataque ao racismo.

Fonte: Geledés

Páginas Afrocentradas: Preta&Gorda




Preta&Gorda é um novo formato contra o padrão europeu de beleza que origina o racismo de cada dia e que consequentemente menospreza as mulheres pretas, obtendo através de inúmeros artifícios, dentre eles a gordofobia, uma ferramenta eficaz para discriminá-las e destituir de qualquer auto-estima.

Sugestões, críticas e elogios envie-nos um e-mail: pretaegorda@gmail.com



Acessem: Preta e Gorda


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Morre João Francisco dos Santos, ativista do movimento negro no Maranhão

João Francisco e o ex-governador (já falecido) Jackson Lago




Neste 20 de novembro de 2012, o Dia da Consciência Negra, faleceu uma das maiores lideranças nacionais do PDT, o militante negro João Francisco dos Santos, aos 76 anos, na sua cidade de São Luís, do Maranhão. Como disse o companheiro maranhense Jerry Abrantes, no seu Facebook, "por uma destas obras do destino, ele morreu exatamente no Dia Nacional da Consciência Negra, a data marcada no calendário nacional como o dia da reflexão sobre a importância do povo africano na formação da cultura brasileira. A este trabalho incessante, João Francisco não se dedicou um dia apenas, mas uma vida inteira de luta".
    O presidente nacional e o secretário-geral do PDT, Carlos Lupi e Manoel Dias, exaltaram a atuação de João Francisco, que foi o primeiro presidente da Secretaria Nacional do Movimento Negro, na legenda brizolista que despontava em 1980 como o primeiro partido a consagrar em seu programa à luta pela defesa do negro, do íindio, da mulher e das crianças.
    João Francisco dos Santos também foi o fundador e o primeiro titular da Secretaria da Igualdade Racial, no início do governo Jackson Lago, como mostra a foto que ilusrtra este material. Ele também presidiu o Diretório Municipal do PDT em São Luís. Adoentado há vários anos, e fazendo um duro tratamento com quimioterapia, João Francisco recebeu esta homenagem do jornalista Manoel Santos, em seu blog no "Jornal Pequeno", de São Luís, em 02 de junho último, quando seu estado já era dado como crítico:
   "Hoje cedo, depois de comprar os jornais da cidade, pouco depois das 6 horas da manhã, vindo para cá, para o Jornal Pequeno, resolvi dar uma parada na Igreja do Carmo, e rezei por João Francisco. Como nos meus tempos de coroinha, ajoelhei-me, curvei a cabeça com a mão apoiando a testa, e estive assim a rogar pela saúde deste meu velho e fraterno amigo."

Fonte: Blog do Bóis

sábado, 10 de novembro de 2012

Alunos evangélicos se recusam a fazer trabalho de cultura africana

Para país evangélicos, o estudo da cultura afro-brasileira ia  expor seus filhos a outros deuses, o que a Bíblia proíbe

Isabel Costa, diretora da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, de Manaus (AM), comentou que, em sete anos do projeto interdisciplinar, nunca houve a confusão que ocorreu agora. “Fique muito abalada.”

Catorze alunos evangélicos do 2º e 3º ano do ensino médio se recusaram a apresentar na feira cultural um trabalho sobre cultura africana porque acharam que seria uma ofensa a sua religião e aos seus princípios morais. Eles propuseram uma dissertação sobre “As missões evangélicas na África”, e a escola rejeitou.

“O que eles [evangélicos] queriam apresentar fugia totalmente do tema”, disse Raimundo Cleocir, coordenador adjunto da escola.

No entendimento da evangélica Wanderléa Noronha, o trabalho proposto pela escola exporia a sua filha a religiões de matriz africanas, com o que ela, a mãe, não concorda. “A discriminação aconteceu conosco”, disse. “Por que não pode haver espaço para a religião evangélica na feira?”  Ela disse que a sua filha sofreu bullying por não aceitar a fazer o trabalho.

O aluno Ivo Rodrigo disse que o tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade" contraria a sua religião. "A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses, e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a ideia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único."

O aluno Jefferson Carlos reclamou que foi obrigado a ler um livro de Jorge Amado, “chamado Jubiabá”, “onde um garoto tem amizade com um pai de santo”.  “Achei muito estranha isso, porque teríamos de relatar essa história no trabalho”, afirmou. “Queríamos apresentar de outro modo, sem falar sobre isso".

Os evangélicos também criticaram a indicação para leitura de outros livros clássicos da literatura brasileira, como “Macunaíma”, “Iracema”, 'Ubirajara', 'O mulato', 'Tenda dos Milagres', e 'O Guarany', por abordarem homossexualidade, umbanda e candomblé.

Por detrás da reação dos evangélicos está o pastor Marcos Freitas, do Ministério Cooperadores de Cristo. Ele criticou os livros que a escola listou para que os alunos lessem. "Tinha homossexualismo no meio, eles [direção da escola] querem que os alunos engulam isso?"

A discordância assumiu maior proporção, chamando a atenção da imprensa e de entidades de direitos humanos, quando os alunos montaram uma tenda fora da escola para apresentar o seu trabalho sobre as missões evangélicas na África.

 Esses alunos tiveram nota baixa porque, disse Cleocir, “o trabalho não pôde ser avaliado, pois não tinha nada a ver com a feira”. Os pais ficaram mais revoltados.



Evangélicos montaram tenda para  apresentar trabalho sobre missões


A escola promoveu uma reunião entre professores e pais para explicar as notas baixas. A convite, houve a participação de representantes dos Direitos Humanos, Movimento Religioso de Matriz Africanas, Comissão de Diversidade Sexual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Marcha Mundial das Mulheres.

Raimunda Nonata Corrêa, da Carma (Coordenação Amazonense das Religiões de Matriz Africana), disse que os evangélicos estavam equivocados porque a feira tem sido promovida para expor os ingredientes culturais da sociedade brasileira, entre os quais os de origem africana.

Ela ressaltou que, além disso, “a escola não é espaço de disputa religiosa”, porque o seu objetivo é “qualificar o aluno como cidadão de um país que é plural”.

Luiz Fernando Costa, professor na escola e presidente do Movimento Negro no Amazonas, lembrou que as escolas têm de ensinar sobre a cultura afro-brasileira e indígenas não só por causa de sua importância, mas também porque há uma lei federal que obriga a isso. "Todo esse tema está no currículo da escola, a discussão é sobre ensino das culturas e não sobre a religião."

A reunião na escola foi mediada por Rosaly Pinheiro, representante do Conselho dos Direitos Humanos. Ela reconheceu que o assunto é “delicado” porque as pessoas precisam entender que “vivemos numa democracia e que todos têm liberdade de expressão”.

A reunião terminou sem consenso. Na próxima semana, a Secretaria de Educação decidirá como vão ficar as notas dos evangélicos. A diretora Isabel Costa admitiu que o trabalho “Missões Evangélicas na África” poderá ter “uma avaliação diferenciada”.

Fonte: Paulo Lopes



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"Para os EUA, o melhor ainda está por vir", diz Obama

Obama e o Vice Joe Biden

Chicago (EUA), 7 nov (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reeleito hoje, declarou que o melhor para o seu país "ainda está por vir", durante discurso em Chicago após a confirmação da sua vitória. "A tarefa de aumentar nossa união prossegue", ressaltou o líder perante milhares de seguidores no centro de convenções McCormick Place, em Chicago.

Obama agradeceu a todos os eleitores, tanto aos que o apoiaram em 2008 como aos que fizeram isso pela primeira vez agora, por terem acreditado nele. "Escutei vocês, aprendi com vocês, e vocês me transformaram em um presidente melhor", destacou Obama, que prometeu voltar à Casa Branca "mais determinado e inspirado do que nunca".
Entre as tarefas pendentes, após uma década de Guerra do Iraque que chegou ao fim, o presidente citou a reforma do sistema migratório, a redução do déficit e a reforma tributária.
Também afirmou que deseja se sentar com o candidato derrotado, o republicano Mitt Romney, para analisar como podem trabalhar juntos para "levar o país para frente", após felicitá-lo por sua campanha.
"Nunca estive mais esperançoso sobre nosso futuro, sobre os Estados Unidos. Peço a vocês que mantenham essa esperança", declarou.
No início do discurso, Obama dedicou palavras de carinho a sua família, também presente no palco. "Michelle, nunca te amei mais do que agora", disse a sua mulher. Sobre suas filhas, Sasha e Malia, disse: "estão crescendo para se transformarem em duas mulheres fortes, inteligentes e bonitas, como sua mãe".
Obama conquistou a reeleição com pelo menos 303 votos no Colégio Eleitoral, um número mais folgado do que apontavam as previsões, e após impor-se a Romney em quase todos os estados-chave.

Fonte: Yahoo!


Família Obama é alvo de racismo no Facebook


Pesquisadores da Universidade Baylor, no Texas, mapearam a rede social na busca de ofensas ao casal Obama e a seus filhos.

A fotografia oficial da família foi tirada pela famosa fotógrafa Annie Leibovitz, no salão verde da Casa Branca.


Usuários do Facebook têm usado grupos fechados dentro da rede social para ofender Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e sua família. As ofensas seguem estereótipos racistas e foram identificadas por um grupo de pesquisadores da Universidade Baylor, no Texas.

A família aproveita a folga para visitar um zoológico no Havaí.


Ao todo, mais de 20 grupos e páginas foram analisados no estudo da instituição americana. Para mapear as ofensas, os acadêmicos usaram as palavras-chave "ódio" (hate, em inglês), "Barack Obama" e "Michelle Obama". Mia Moody, PhD e professora assistente de jornalismo, foi quem liderou a pesquisa.

Pausa para um sorvete.


 Os grupos, que recrutam seus integrantes por meio de panfletos ou boca a boca, espalham mensagens dizendo que os negros são inferiores e afirmam que a raça, historicamente, sempre sofreu opressão. Os membros usam ainda termos degradantes e associam a raça a animais e a demônios.

Sasha, Barack, Malia, Michelle e Marian Robinson (mãe da primeira-dama) chegam à Casa Branca


"O crescimento de grupos dentro do Facebook para uma atividade marginal ilustra uma evolução da propagação do ódio também dentro das redes sociais", explica Moody. "Essas comunidades recrutam muitas pessoas on-line e crescem rapidamente", diz. 

Michelle passeia com o cachorro da família, Bo.


 Segundo a pesquisadora, a família Obama se tornou um alvo dentro desses grupos, no quais seus membros se autodenominam simpáticos ao racismo.



As irmãs Malia e Sasha.


Embora o Facebook incentive seus usuários a denunciarem esse tipo de ação dentro da rede, minorias continuam usando a plataforma para denegrir pessoas públicas, celebridades, atletas e políticos.

Obama em um passeio de bicicleta com a família e amigos durante suas férias em agosto do ano passado.


Dançando com a filha Sasha em um luau na Casa Branca, oferecido aos membros do Congresso e suas famílias.


Bo, o cão presidencial.


A primeira-dama em uma ação beneficente.


A família durante um discurso no Oregon, em maio de 2008, quando Obama ainda era senador.


Da esquerda para a direita: Malia, Obama, Sasha e Michelle.


Em visita ao Quênia, Barack Obama reencontra a avó Sarah Hussein Obama.


No natal, a primeira-dama americana Michelle e as filhas leram histórias para as crianças do Children's National Medical Center, nos Estados Unidos.


A família permaneceu unida no juramento do presidente no dia da posse, em janeiro de 2009.


Fonte: Veja










segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Racismo Institucional e Intolerância Religiosa no Congreso Nacionl – Denúncia de Jean Wyllys





Acabo de passar pelo culto religioso que a bancada evangélica realiza periodicamente no Plenário 1 ou 2 da Câmara, conduzido por um fervoroso deputado, João Campos (PSDB-GO). E um dos fiéis é Benedita da Silva (PT-RJ).

É importante dizer que APENAS a bancada evangélica goza do privilégio de realizar cultos religiosos nos plenários da Câmara. De vez em quando (uma vez por mês), há uma missa também, feita pela CNBB. A mesa diretora, porém, negou, aos adeptos das religiões de matriz africana, o direito de realizar um xirê nas dependências da Câmara.

Também não há cerimônias budistas, judaicas, zoroastristas e etc. nas dependências da Câmara. A liberdade de culto aqui é só pra alguns! Sendo o Estado laico (sem paixão religiosa de nenhum tipo), ou se permite TODOS os cultos ou, melhor, não se permite NENHUM!

Vocês cidadãos de outros credos deveriam reclamar na Ouvidoria da Câmara sobre essa postura discriminatória e contra a laicidade. É preciso reagir às discriminações e fazer da Câmara - a casa do povo - um espaço de TODOS de verdade: liguem, mandem email, reclamem! Ou a Câmara mantém a NEUTRALIDADE que o princípio da LAICIDADE exige ou abre espaço para TODOS os credos desse Brasil plural!

sábado, 27 de outubro de 2012

Chega ao caos situação de ajuda a haitianos no Acre, diz secretário



A entrada ilegal de haitianos em Brasileia (AC) levou ao caos a situação de ajuda humanitária prestada pelo governo do estado, de acordo com o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão. No total, 204 imigrantes estão na cidade.

Com dívida de seis meses de aluguel da casa que abriga essas pessoas e sem dinheiro para pagar os empresários da cidade pelo fornecimento diário de alimentação, ele disse que a situação é insustentável.

O secretário admitiu que não tem como o governo acriano bancar mais alimentação e abrigo aos haitianos que entram em Brasileia por Cobija, na Bolívia, em grupos diários de 20 a 30 pessoas. Segundo Nilson Mourão, a partir de agora, a decisão é suspender o fornecimento de comida e abrigo. Na prática, o fornecimento está suspenso desde 19 de setembro, e os haitianos sobrevivem de doações nem sempre regulares.

Ele reclamou que há quase dois meses encaminhou ao Ministério do Desenvolvimento Social um plano de trabalho de ajuda financeira pelo governo federal. "O que eu sei é que eles estão estudando o projeto, mas não temos qualquer recurso [federal] internalizado", acrescentou o secretário.

Diante da situação, o governo acriano decidiu suspender a ajuda humanitária com recursos próprios e manter apenas o que é repassado por convênios com o Ministério da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos do Acre.

O representante da secretaria em Brasileia, Damião Borges, relatou que "a situação é de calamidade". Fora os poucos que ainda têm dinheiro para comprar comida no comércio local, os demais contam com doações, especialmente dos empresários que buscam mão de obra. Isso faz com que eles fiquem até dois dias sem ter o que comer destacou.

"Pode ter certeza que, pelo volume com que chegam por Cobija, na segunda-feira [29] teremos 250 ou mais", disse Damião.

Outra agravante, segundo ele, é a redução do número de empresas que vão à cidade para contratar os haitianos. Ele disse que o empresariado também "está chegando ao limite" na capacidade de absorver a mão de obra haitiana.

Damião Borges não sabe o que fazer com as mulheres grávidas que estão na cidade. Até o momento, ele informou que há no abrigo entre dez e 15 mulheres nessa situação, que não são contratadas pelos empresários. Segundo ele, o hospital da cidade não tem como fazer o trabalho de parto dessas haitianas.

O problema aumenta, segundo Damião, porque a população de Brasileia "cansou e não está ajudando mais em nada ,doações de alimentos, por exemplo]". Brasileia e Cobija são cidades de fronteira divididas pelo Rio Acre. Os haitianos que chegaram ao Brasil usam os serviços de taxistas bolivianos e entram em Brasileia por duas pontes que unem as cidades.

Fonte: Geledés

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

DENÚNCIA: NEGROS SÃO "CONFUNDIDOS" COM SEQUESTRADORES EM "BAIRRO NOBRE" DE SÃO LUÍS



O que você vai ler agora, amigo leitor, é uma denúncia enviada ao blog de dois cidadãos ludovicenses, de cor negra, que foram "confundidos" com sequestradores, nesta terça-feira, dentro de um banco, num "bairro nobre" de São Luís.

Leia atentamente o relato dos dois jovens negros ludovicenses:

No início da tarde de ontem (23), por volta das 13h, eu, Marcos Tadeu Nascimento da Silva e meu irmão João Rubem Nascimento da Silva, fomos ao Banco do Brasil da Cohama para sacarmos um dinheiro que teríamos recebido na agência que abri a minha conta corrente universitária.

Quando chegamos ao local, nos deparamos com uma estranha movimentação de policiais e de pessoas dentro da agência. Tinham dois policiais armados na porta do banco. Me dirigi a um deles e perguntei se poderíamos entrar, quando o mesmo respondeu que sim.

Entrei no banco e perguntei às pessoas o que estava acontecendo, elas responderam que havia uma tentativa de sequestro e que uma pessoa estava sendo coagida por telefone a pagar um resgate. Passamos pela porta detectora de metais e entramos normalmente. Peguei meu celular e liguei para um amigo, enquanto aguardávamos nossa vez de sermos atendidos.

Passados alguns minutos, os policiais vieram e começaram a nos acusar de sermos os responsáveis por essa tentativa de sequestro. Fomos extremamente humilhados pelos policiais, clientes e funcionários do banco.

Obrigaram o meu irmão a sacar uma quantia de R$ 3.000, 00 para provar que ele tinha dinheiro na conta. Fomos chamados de vagabundos e bandidos, acusados de um crime que não cometemos, sem chance de justificativa, até o momento que conseguimos comprovar onde trabalhávamos e as nossas devidas documentações.

Ligamos imediatamente para o nosso advogado e ele chegou ao local impedindo que fôssemos linchados. Fomos conduzidos até a Delegacia do Bequimão e, chegando lá, o delegado comprovou que havia um engano e que nós éramos as verdadeiras vitimas de todos. Vítimas dos policiais que nos humilharam, vítimas do banco, do qual sou cliente há 3 anos, vítimas das pessoas que nos acusavam, pois o sequestro tratava-se de uma ligação feita por bandidos de dentro de um presídio (isso foi esclarecido pela delegado).

Os policiais sequer averiguaram as nossas últimas ligações, fomos humilhados e tratados como bandidos na frente de todos.

Esclarecidos os fatos, fizemos boletins de ocorrências contra todos os envolvidos e estamos lutando incansavelmente em busca de nossos direitos, sendo que os danos causados a nós e a nossa família foram irreparáveis.

Hoje, quando acordamos, algumas mídias impressas e televisivas estavam tratando desse caso como uma detenção por engano, reconhecendo que somos vítimas do estado e do banco.

Porém a TV mirante e o blog do Sr. Luis Cardoso publicaram uma nota dizendo que somos sequestradores e que ainda estamos presos, sendo que tudo foi esclarecido ainda ontem e saímos da delegacia como vítimas, prestando queixa contra todas as partes.

Venho através desse anúncio comunicar a todos os meus amigos dessa rede social que denunciem comigo essas calúnias e difamações que estão sendo feitas contra mim e ao meu irmão. Não aceitem essas falsas informações.

O crime foi claramente impulsionado pela questão do estereótipo, sendo que somos negros e tinham várias outras pessoas dentro da agência naquele momento e não apresentaram nenhuma prova contra nós.

Quem nos conhece sabe das nossas lutas diárias e dos nossos valores de vida. Somos jovens estudantes e trabalhadores que estão sofrendo com a pífia administração de órgãos que deveriam ser mais preparados para lidar com os cidadãos de bem.

Esse é o retrato do Brasil. Ações de injustiça acontecem todos os dias com pessoas que não podem se defender.

Nota: O titular do blog procedeu a algumas alterações gramaticais do texto, com vistas somente a deixá-lo dentro das regras do português vigente. Contudo, a íntegra do conteúdo da denúncia é de inteira responsabilidade de seus autores.

Esperamos que casos como este não caiam no esquecimento e que os responsáveis sejam exemplarmente punidos, a fim de que fatos de tal monta sejam extirpados do seio de nossa sociedade. Com a palavra, o Ministério Público.

Fonte: Hugo Freitas

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Existem leis que protegem os Povos Tradicionais de Terreiro



As leis existem, mas o povo do Axé precisa conhecê-las e ser um ativista da causa do Orixá, Vodum, Nkisi.

Somos uma identificação de religião negra que resiste ao tempo e aos odiosos religiosos, portanto iremos nos unir e juntos exterminar o câncer do preconceito

Por: Oluandeji

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

NOTA DA SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, SEPPIR / PR, ciente do documento intitulado ‘Comunicação Interna da Vigilância Sanitária e Ambiental de Petrolina, No. 003/2012’, que resultou no processo investigatório do Ministério Público de Pernambuco e na admoestação pela ilustre representante do PARQUET estadual à senhora Renilda Bezerra, apresenta o que se segue:

1. AUSÊNCIA DE ABATE CLANDESTINO E MAUS TRATOS DE ANIMAIS – deve-se considerar que as Casas Tradicionais de Matriz Africana criam pequenos animais, para uso doméstico, na sua relação com o sagrado e também para a alimentação humana, e não para o comércio, não configurando abate clandestino. E, também, que em nenhuma parte do texto do documento constam quaisquer relatos ou identificação que consubstancie tal denúncia;

2. PROIBIÇÃO DA SACRALIZAÇÃO DE ANIMAIS - é importante frisar que quaisquer impedimentos ao abate de animais nas práticas tradicionais de matriz africana significam um constrangimento de seus adeptos à renúncia de sua crença, o que ensejaria evidente infringência aos preceitos constitucionais, e de outros marcos legais, que garantem os direitos fundamentais. O abate dos animais nas Casas Tradicionais de Matriz Africana é feito com base nos ritos tradicionais pertinentes, portanto estão protegidos:

i. pela Constituição Federal, que no artigo 5º, inciso VI, estabelece a inviolabilidade da liberdade de consciência e crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a sua liturgia. Além disso, cabe destacar o que explicita o artigo 19, inciso I, o qual veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, EMBARAÇAR-LHES o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança.

ii. pela Convenção 169 da OIT, aprovada em 1989, instrumento internacional vinculante, supralegal, que trata especificamente dos direitos dos povos tradicionais no mundo, do qual o Brasil é signatário;

iii. pela Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, de 2005, aprovada pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo no 485, de 20 de dezembro de 2006;

iv. pela lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, SISAN, com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências, que protege as práticas alimentares tradicionais; e

v. pelo Decreto 6040, de 2006, que estabelece a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais, que em seu artigo 3º, inciso I , estabelece como “Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”;
3. SAÚDE E COSTUMES ALIMENTARES TRADICIONAIS - Há que se considerar ainda que a Política Nacional de Saúde e a Política Nacional de Vigilância Sanitária são constituídas a partir de indicadores epidemiológicos concretos. Não existem indicadores que apontam dados sobre a morbidade e a mortalidade resultantes dos costumes alimentares tradicionais de matriz africana nas pesquisas que tratam de saúde e adoecimento. Podemos aferir daí que não é possível criminalizar e proibir uma prática tradicional sem ferir os direitos fundamentais assegurados pelo Estado Democrático de Direito, e sem configurar ato de racismo, em função do histórico de negação e violência contra a ancestralidade africana no país.

4. PRÁTICAS SÓCIO-CULTURAIS - As Casas Tradicionais de Matriz Africana são hoje consideradas como espaços promotores de saúde, por seus conhecimentos fitoterápicos e práticas de acolhimento e cuidados para com as pessoas que ali acorrem, pelo Ministério da Saúde, que vêm apoiando diversas ações de qualificação e potencialização das suas tradições. Também o CONSEA, Conselho Nacional de Segurança Alimentar, reconhece o papel exercido ao longo da história, e atualmente, pelas Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, para a segurança alimentar e nutricional de um grande número de pessoas negras e periféricas, em situação de extrema pobreza, por ser o alimento um princípio fundamental das práticas sócio-culturais inerentes a estas tradições.

Esperando ter contribuído para o debate ora em andamento na audiência pública solicitada pela Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco, e acatada democraticamente por este Ministério Público, que tem sido um aliado de todas as horas na promoção dos direitos e cidadania do povo brasileiro, nos colocamos à disposição.

Brasília, 10 de outubro de 2012.

Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais
Ouvidoria Nacional de Promoção da Igualdade Racial
SEPPIR / PR

Esplanada dos Ministérios, Bloco “A”, 5º e 9º Andares  - 70540 – 906 – Brasília/DF

Fone: 61 2025-7100 / Fax: 2025-7124

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cerca de 70% dos brancos se relacionam com pessoas da mesma cor, aponta IBGE


Dados inéditos do Censo Demográfico 2010 mostram que quase 70% da população brasileira têm relacionamentos amorosos com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça, o que representa uma queda estatística de cerca de 1% em relação ao levantamento censitário feito em 2000. Os números sobre endogamia fazem parte da amostra "Nupcialidade, fecundidade e migração", divulgada nesta quarta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O estudo aponta que a maioria dos brancos (69,3%) se une a pessoas do mesmo grupo de cor ou raça. Entre os pretos (na classificação do IBGE, pretos e pardos são subdivisões raciais que representam os negros), menos da metade da população (45,1%) têm relacionamentos com indivíduos da mesma cor. Pardos (68,5%) e indígenas (65%) completam a lista.

PERCENTUAL DAS UNIÕES DE PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS, SEGUNDO A ESCOLHA DO HOMEM



As estatísticas variam pouco quando consideradas as escolhas feitas por homens e mulheres. Cerca de 75,3% dos homens brancos se relacionam com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça; entre as mulheres, o dado estatístico cai aproximadamente dois pontos percentuais.

A disparidade é um pouco maior quanto aos pretos: o IBGE registrou índices de 39,9% em relação aos homens e 50,3% referente às mulheres. Pardos e indígenas, por sua vez, estão bem próximos no desdobramento estatístico por gênero.

PERCENTUAL DAS UNIÕES DE PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS, SEGUNDO A ESCOLHA DA MULHER


A amostra revela ainda que a união consensual é maioria entre os negros: 46,6% em relação aos pretos e 42,6% acerca dos pardos. Entre os negros que afirmaram estar casados, as estatísticas variam na faixa dos 30%. Mais da metade (51,9%) da população branca, por sua vez, declarou ter optado pelo matrimônio (civil e religioso).

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS TIPOS DE UNIÃO


Escolaridade
O IBGE também analisou a escolha de parceiros segundo critérios de escolaridade, e descobriu que a maioria dos homens (82,9%) e das mulheres (85,3%) sem instrução e fundamental incompleto se relacionam com pessoas com a mesma situação educacional.

No geral, 68,2% das pessoas uniram-se a outras de mesmo nível de instrução (em 2000, esse percentual era de 63,0%), sendo que 47% dos homens com diploma universitário escolhem parceiras com o mesmo grau de escolaridade. No caso das mulheres, esse índice sobe para 51,2%.

Brancos ganham o dobro
Os dados do Censo 2010 mostram que a desigualdade racial continua no Brasil, com brancos recebendo salários mais altos e estudando mais que os negros (pretos e pardos).

Segundo o levantamento, essa realidade é ainda mais acentuada na região Sudeste, onde os rendimentos recebidos pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos pretos. A menor diferença é observada na região Sul, onde a população branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou preta.

ENSINO SUPERIOR

31,1% brancos

13,4% pardos

12,8% pretos

De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, esses indicadores pouco mudaram com o passar dos anos. “Nós até observamos uma redução da desigualdade nesse aspecto, mas a queda é muito tímida”, diz.

Para a o analista, a cidade de São Paulo serve como um “ótimo exemplo” dessas desigualdades. “A população do Alto de Pinheiros [bairro da zona oeste], por exemplo, é majoritariamente branca, enquanto em Parelheiros [bairro no extremo da zona sul] predomina a população negra."

“O rendimento médio domiciliar per capita de Parelheiros corresponde a 10% do rendimento dos moradores do Alto de Pinheiros. Não por acaso, a população negra do Alto de Pinheiros, assim como a branca de Parelheiros, é inexpressiva”, afirma Mariano, citando dados do IBGE.

O Censo 2010 mostra que os brancos também dominam o ensino superior no país: considerando a faixa etária entre 15 e 24 anos, 31,1% da população branca frequentava a universidade. Em relação aos pardos e pretos, os índices são de 13,4% e 12,8%, respectivamente.


A pesquisa observou ainda diferenças relevantes na taxa de analfabetismo entre as categorias de cor e raça. Enquanto para o total da população a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai para 5,9%. Já entre pardos e pretos a taxa sobe para 13% e  14,4%, respectivamente.

População negra aumenta
Embora a população que se autodeclara branca ainda seja maioria no Brasil, o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas cresceu, enquanto o número de brancos caiu, diz o levantamento do IBGE.

O percentual de pardos cresceu de 38,5%, no Censo de 2000, para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de pretos também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Por outro lado, enquanto mais da metade da população (53,7%) se autodeclarava branca na pesquisa feita dez anos antes, em 2010 esse percentual caiu para 47,7% (91 milhões de brasileiros).

De acordo com o analista do IBGE, essa inversão faz parte de uma mudança cultural que vem sendo observada desde o Censo de 1991. “Muitos que se autodeclaravam brancos agora se dizem pardos, e muitos que se classificavam como pardos agora se dizem pretos. Isso se deve a um processo de valorização da raça negra e ao aumento da autoestima dessa população”, diz Mariano.

O analista, no entanto, afirma que “o Brasil ainda é racista e discriminatório”. “Não é que da noite para o dia o país tenha deixado de ser racista, mas existem políticas. As demandas [da população negra], a questão da exclusão, tudo isso começou a fazer parte da agenda política. A cota racial em universidades, por exemplo, é um desdobramento disso”, afirma Mariano.

Censo 2010
Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios brasileiros entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram divulgados em abril de 2011. Ao longo de 2012, estão sendo produzidos novos resultados, apresentados em volumes temáticos. (Com reportagem de Débora Melo, em São Paulo)

Fonte: UoL













terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dilma vai criar cota para negro no serviço público



O Palácio do Planalto prepara o anúncio para este ano de um amplo pacote de ações afirmativas que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal.

A medida, defendida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, atingiria tanto os cargos comissionados quanto os concursados.

O percentual será definido após avaliação das áreas jurídica e econômica da Casa Civil, já em andamento.

O plano deve ser anunciado no final de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra (dia 20) e estarão resolvidos dois assuntos que dominam o noticiário: as eleições municipais e o julgamento do mensalão.

O delineamento do plano nacional de ações afirmativas ocorre dois meses depois de o governo ter mobilizado sua base no Congresso para aprovar lei que expandiu as cotas em universidades federais.

A Folha teve acesso às propostas. Elas foram compiladas pela Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e estão distribuídas em três grandes eixos: trabalho, educação e cultura-comunicação.

A cota no funcionalismo público federal está no primeiro capítulo: propõe piso de 30% para negros nas vagas criadas a partir da aprovação da legislação. Hoje, o Executivo tem cerca de 574 mil funcionários civis.

No mesmo eixo está a ideia de criar incentivos fiscais para a iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por negros.

Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do governo federal.

Outra medida prevê punição para as empresas que comprovadamente discriminem pessoas em razão da sua cor de pele. Essas firmas seriam vetadas em licitações.

EDUCAÇÃO E CULTURA

No campo da cultura, há uma decisão de criar incentivos para produtores culturais negros. Na semana passada, a ministra Marta Suplicy (Cultura) já anunciou que serão lançados editais exclusivos para essa parte da população.

No eixo educação, há ao menos três propostas principais: 1) monitorar a situação de negros cotistas depois de formados; 2) oferecer aos cotistas, durante a graduação, auxílio financeiro; 3) reservar a negros parte das bolsas do Ciências sem Fronteira, programa do governo federal que financia estudos no exterior.

A implantação de ações afirmativas é uma exigência do Estatuto da Igualdade Racial, aprovado pelo Congresso em 2010, o último ano do segundo mandato de Lula.

Segundo o estatuto, é negro aquele que se diz preto ou pardo --juntas, essas duas autodefinições compõem mais da metade dos 191 milhões de brasileiros, de acordo com o Censo de 2010.

ESSENCIAL

O plano é tido no governo como essencial para diminuir a desigualdade gerada por diferenças de cor e ampliar a queda na concentração de renda na última década.

Nesse sentido, o plano, ao usar unicamente critérios raciais, seria mais cirúrgico do que o sistema de cotas aprovado pelos congressistas em agosto, que reserva metade das vagas nas federais para alunos egressos de escolas públicas e, apenas nessa fatia, institui a ocupação prioritária por negros e índios.

Politicamente, será um forte aceno da gestão Dilma aos movimentos sociais, com os quais mantém uma relação distante e, em alguns momentos, conflituosa --como durante a onda de greves de servidores neste semestre.

Fonte: Folha.com.br

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ministro diz que imprensa brasileira é "branca e conservadora"

                       Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil





Primeiro negro nomeado ao Supremo Tribunal Federal, por indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, Joaquim Barbosa, afirmou que votou no PT nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, mesmo já trabalhando como relator do processo do mensalão nas duas últimas - e concluindo que vários membros da alta cúpula do partido devem ser condenados. "Eu não me arrependo dos votos (em Lula em 2002 e 2006), não. As mudanças e avanços no Brasil nos últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma", analisou, em declaração publicada na Folha de S. Paulo deste domingo. Barbosa disse ter, inclusive, votado em Lula contra Collor, em 1989, e defendido o ex-presidente no exterior no início do seu primeiro mandato. "Vou te confidenciar uma coisa, que o Lula talvez não saiba: devo ter sido um dos primeiros brasileiros a falar no exterior, em Los Angeles, do que viria a ser o governo dele. Havia pânico. Num seminário, desmistifiquei: 'Lula é um democrata, de um partido estabelecido. As credenciais democráticas dele são perfeitas'", relatou.
Barbosa já disse que a imprensa "nunca deu bola para o mensalão mineiro (também chamado de "mensalão tucano" por envolver membros do PSDB)", ao contrário do que faz com o do PT. O ministro acredita que a mídia, como as forças dominantes do país em geral, é racista e conservadora: "a imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem. Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras", disse. O racismo se manifesta em "piadas, agressões mesmo". "O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas", acusa. Ele diz já ter discutido com vários colegas do STF, porém considera que polêmicas "são muito menos reportadas, e meio que abafadas, quando se trata de brigas entre ministros brancos". "O racismo parte da premissa de que alguém é superior. O negro é sempre inferior. E dessa pessoa não se admite sequer que ela abra a boca. 'Ele é maluco, é um briguento'. No meu caso, não sou de abaixar a crista em hipótese alguma...", defende. Barbosa, que já escreveu um livro sobre ações afirmativas nos EUA, diz que o racismo apareceu em sua "infância, adolescência, na maturidade e aparece agora".

Fonte: Terra

sábado, 6 de outubro de 2012

Rei mais jovem do mundo é coroado em Uganda


O rei mais jovem do mundo, soberano do reino de Toro, no oeste de Uganda, foi coroado no sábado na capital real de Fort-portal, após completar 18 anos. Oyo Nyimba Kabamba Iguru Rukidi IV foi coroado oficialmente perante milhares de seus súditos, durante uma cerimônia tradicional em seu palácio.
Oyo sucedeu seu pai - que morreu em 1995 - aos 3 anos, tornando-se o mais jovem rei do mundo na época. No entanto, a coroação só poderia ser feita quando atingisse os 18 anos, o que ocorreu na última semana. Agora o monarca pode exercer sua autoridade - simbólica - sobre seu reinado em Toro.


Fonte: Terra

sábado, 29 de setembro de 2012

Danilo Gentili - Melhores Momentos - O Maior Apresentador Racista de Todos os Tempos

Este vídeo mostra claramente quem é Danilo Gentili. O apresentador mais racista da atualidade. Ele deixa evidente que mesmo após ter sido investigado por racismo pelo ministério público não se intimidou e continua a fazer da TV Aberta, um palco para o ódio racial. E você ainda acha isso tudo engraçado?


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Carta aberta do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – CEDENPA – à Reitora da Universidade do Estado do Pará.




Em 18 de setembro de 2012, 
A magnífica 
Prof. Dra. Marília Brasil Xavier
Reitora da Universidade do Estado do Pará

Carta aberta do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – CEDENPA – à Reitora da Universidade do Estado do Pará.

Magnífica Reitora,

Nós do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará dirigimo-nos a Vossa magnificência para expor ao que se segue, em relação ao lamentável crime de racismo acontecido, recentemente, nas dependências da Instituição dirigida por vossa magnificência, cometido por uma docente, Drª Daniela Cordovil, pertencente ao quadro da Instituição referida.

Em primeiro lugar, lamentamos profundamente que fato como esse – crime de racismo– aconteça em ambiente acadêmico, onde, se supõe, costumam conviver pessoas civilizadas, visto que formadoras de opinião, docentes, pesquisadoras e produtoras de conhecimento.

Entretanto, o fato aconteceu, pois a exceção sempre costuma fugir à regra, motivo que mais agrava as circunstâncias do crime que, de pronto, já foi descaracterizado pelo delegado que relaxou o flagrante na medida em que acolheu a queixa, lavrando um boletim de ocorrência de injúria racial prevista na Lei 9416/ 97.Essa norma, se por um lado, pode ser eficaz no combate à discriminação, pois causa impacto negativo conferido à imagem dos agentes na mídia e inclusive põe em jogo o bom nome da Instituição; por outro lado,essa legislação passou a ser usada pelos profissionais do direito de forma intensa, na prática, para substituir a lei Caó (Lei7716/89) que estabelece pena mais severa do que a injúria, crime considerado de menor potencial ofensivo. 

Dito de outra forma: significa afirmar que em muitas situações, as vítimas sofreram racismo direto-previsto na lei Caó, porém a conduta é desclassificada para uma capitulação em injúria racial, possibilitando ao infrator o direito à fiança e responder ao processo em liberdade ou mesmo à suspensão condicional do processo nos termos da lei 9099/95. 

No nosso entendimento Magnífica reitora, o crime não foi apenas de injúria simples, ou injúria racial, mas crime de racismo. Senão vejamos: o senhor Rubens dos Santos, a vítima não foi apenas ofendido individualmente e sim ofendido em sua dignidade de ser humano e mais, ao chamá-lo de macaco a professora Daniela recorre a um símbolo carregado de histórias, por sinal trágicas, ao longo da história da humanidade, como observa em artigo recém publicado, na Revista Fórum, a escritora Ana Maria Gonçalves : “Muitos brancos dizem não achar ofensivo o uso de termos como “macacos/a” para se referir a negros por não pensarem direito ou por não conhecerem o legado histórico da escravidão”. No século XIX, magnífica Reitora, usando a ciência como legitimadora moral da escravidão, as elites brancas do país, os eugenistas elaboraram estudos para provar que os negros não eram tão humanos e sim, humanóides e que numa escala evolutiva se assemelharia muito mais a um macaco do que ao ser humano ideal, no caso, o branco caucasiano.

Conhecendo a história magnífica reitora a conotação do símbolo macaco, no mínimo, abriga duas grandes tragédias da humanidade a escravidão de africanos e descendentes e o genocídio (holocausto) do povo judeu ocorrido no período da Alemanha nazista, pleno século XX, que, entre outras coisas, perseguia a criação da raça pura (raça ariana). Não cremos que uma pessoa privilegiada como a Drª Daniela que teve a oportunidade de estudar passando pelos níveis de graduação e pós- graduação, não tenha tido a oportunidade de refletir sobre a questão, inclusive porque se utilizou do acervo africano para concluir seu doutorado em antropologia, pois pelo que sabemos a docente pesquisa religiões de matriz africana, ou religião Afro-Brasileira, maneira divulgada pela imprensa.

Pelo exposto, magnífica Reitora, na defesa da dignidade humana de todos os negros do mundo, requeremos, por meio deste, que o crime seja analisado, conforme a natureza de crime de racismo e não como simples crime de injúria racial, pois o ferido em sua dignidade humana, não foi apenas o Sr. Rubens Silva, mas a “raça”(sob rasura) negra, tão vilipendiada pelos horrores do racismo e da discriminação racial, sobretudo porque, no Brasil, se vive hoje na constante busca de cumprimento aos direitos humanos de todos, revendo os erros cometidos no passado. Nesse sentido, para o bem de gerações futuras, exigimos que a docente seja exonerada do quadro da Instituição, fundamentados na Lei 12.288/010, artigo 54: “O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação e preconceito praticados por servidores públicos em detrimento da população negra, observado, no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989”.
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Atenciosamente.
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará - CEDENPA.





 
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