sábado, 30 de abril de 2011

França suspende diretor técnico após caso de racismo

O Ministério do Esporte da França anunciou a suspensão do diretor técnico da Federação Francesa de Futebol (FFF), Francois Blaquart, um dia depois da publicação de uma reportagem bombástica que revelou que a entidade teria orientado clubes e escolinhas do país a limitarem a entrada de negros e árabes em suas equipes de base para que a próxima geração de jogadores franceses seja "branca" e "europeia".
Após o caso de racismo estourar, a FFF negou categoricamente a acusação, mas, pressionada pelo governo francês, ordenou a investigação que acabou provocando a suspensão de Blaquart. Em comunicado assinado em conjunto com a entidade que dirige o futebol francês, o Ministério do Esporte da França informou que a pena aplicada, de caráter preventivo, tem efeito imediato e a situação futura do dirigente agora dependerá do desenrolar das investigações.
Uma reportagem investigativa feita pelo site Mediapart revelou que o conselho técnico da FFF decidiu, em novembro do ano passado, passar instrução aos clubes e escolinhas oficiais para estabelecerem cota de apenas 30% para jogadores "não brancos", de ascendência africana e árabe, entre 12 e 13 anos de idade.
O presidente da FFF, Fernand Duchaussoy, e o técnico da seleção francesa, Laurent Blanc, negaram na última sexta-feira as acusações. O treinador da França chegou a chamar a reportagem, que o acusou de ser favorável à decisão, de uma "mentira".
No comunicado que publicou neste sábado, a FFF "reiterou que nenhum de seus dirigentes eleitos validariam ou sequer imaginariam uma política de cotas" para formação de jogadores para a seleção francesa.
Nos últimos anos, a seleção da França passou imagem de um país multicolor e seus craques, imigrantes ou filhos. Zidane, o maior astro da história do país, é muçulmano e filho de argelinos. Outros, como Anelka, Evra, Malouda e Thierry Henry também são do Magreb e da África.
Quando a França venceu a Copa do Mundo de 1998, o país se uniu e cunhou um termo que ficaria marcado na história da sociedade francesa: no lugar de azul, branco e vermelho da sua bandeira, a França seria "país do branco, negro e marrom", em referência à composição multiétnica de sua população.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

I OFICINA DE DIREITO SACERDOTAL DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA EM LONDRINA/RODA DE CAPOEIRA SOLIDÁRIA/APRESENTAÇÃO DE SAMBA DE RODA Leia materia completa: I Oficina de Direito Sacerdotal das Religiões de Matriz Africana em Londrina

A Associação de Ogãs de Londrina e Região realiza a I Oficina de Direito Sacerdotal das Religiões de Matriz Africana no dia 29 de abril (sexta-feira) no Anfiteatro do Centro de Assistência Socia, localizado na Avenida  JK, 2896.
EVENTOS PARALELOS
CAPOEIRA
No sábado (30) haverá uma roda de capoeira solidária no Ca Londrina que visa ajudar o mestre de capoeira “Toisinho” que está com uma deficiência física grave que o impede de trabalhar e de exercer suas atividades na capoeira. O mestre está com inúmeras necessidades, principalmente de alimentação. Desta forma a Associação de Ogãs pretende reunir mais de 20 rodas de capoeira no centro da cidade para arrecadar alimentos para o mestre que teve um papel importante na capoeira do Estado. O encontro será as 10h no calçadão.
APRESENTAÇÃO SAMBA DE RODA
No período da tarde do dia 30 às 17 é hora da finalização da Oficina Toque de Tambores da Associação de Ogãs, que terá uma apresentação de Samba de Roda na sede da Associação, localizada na Av. Uruguai, esq com Rua Venezuela, 1656.
O EVENTO
A cidade de Londrina e região tem aproximadamente 450 terreiros de candomblé e umbanda. O evento tem como propósito trazer a essa comunidade informações de quais são seus direitos e seus deveres. O evento não é fechado apenas para a comunidade de terreiro e sim para toda sociedade, além da presença de autoridades.
Será  tratado temas como a legalização de um templo religioso, imunidade tributária do templo (IPTU, etc.), direitos e prerrogativas do sacerdócio, casamento religioso, culto e cerimônias, legislação sobre abate religioso de animais, noções de direito ambiental, precauções no recolhimento de pessoas, conforme determina a religião.
A Associação de Ogãs de Londrina e região é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 02 de feverero de 2009, localizada na VILA BRASIL - rua Uruguai/ esquina com Venezuela, nº 1656 . Atua com enfoque na preservação dos valores da religião de matriz africana, com ações em prol da comunidade de terreiro  buscando orientar os  babalorixás e yalorixás com relação a legalidade do funcionamento das casas. Integra o Fórum de Religiões de Matriz Africana do Paraná e faz parte do Centro de Tradições Afro-brasileira -  CETRAB, entidade presente em 21 Estados e nos países Alemanhã, Uruguai, Argentina, Chile, Portugal e Argentina.
A Associação tem acompanhado as situações de preconceito que estão sujeitos os adeptos da religião. São inúmeros casos que ocorrem como desrespeito aos cultos, intolerância por parte de pessoas que desconhecem a religião, situações em escolas, entre outras. O ano de 2011 foi definido em assembleia das Nações Unidas - ONU, como ano da afrodescendência, vários países do mundo tem promovido ações em diferentes esferas, econômica, trabalho, religião, cultura pra que haja maior visibilidade e valorização da população negra, fazendo a promoção da igualdade racial e o combate do racismo. Esse evento tem como foco estar alinhado a proposta da ONU de promover o respeito à religião de matriz africana.
Com esse propósito entendemos que as necessidade de trabalhar as informações de direitos e deveres do povo de terreiro não devem se limitar apenas à comunidade do próprio terreiro, mas se estender à toda sociedade. Assim buscamos que todos conheçam e respeitem as religiões de matriz africana.
LINK DE INSCRIÇÃO
https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dEZfekxDZEljVXpsejh5SjNmbmc5UVE6MQ

I OFICINA DE DIREITOS SACERDOTAIS
DIA 29 DE ABRIL DE 2011.
Local: ANFITEATRO DO CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
AVENIDA JK, 2896
19:00  - APRESENTAÇÃO CULTURAL – LOUVAÇÃO AOS ORIXÁS
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTÁRIO
“ATÉ OSALÁ VAI A GUERRA”
CARLOS PRONZATO E STEFANO BARBI CINTI
OFICINA – DIREITOS SACERDOTAIS E RECONHECIMENTO DE
ENTIDADES RELIGIOSAS DE MATRIZ AFRICANA E AFRO-BRASILEIRAS.
AJEUM
REALIZAÇÃO:
ASSOCIAÇÃO DE OGÃS DE LONDRINA E REGIÃO
E INSTITUTO CIDADANIA
CETRAB PARANÁ
INFORMAÇÕES
ASSSESSORIA DE IMPRENSA: ELI ANTONELLI 41 8426-5545 eliantonellijornalismo@gmail.com


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O 8º Seminário acontecerá entre os dias 29 de abril e 1º de maio, em Teresina Leia materia completa: Piauí sediará Seminário Nacional de Religiões Afros-Brasileira e Saúde - Portal Geledés

Piauí sediará Seminário Nacional de Religiões Afros-Brasileira e Saúde





O Piauí sediará o VIII Seminário Nacional de Religiões Afros-Brasileira e Saúde, que acontecerá entre os dias 29 de abril e 1º de maio, em Teresina. O seminário é promovido pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, que é uma instância de articulação da sociedade civil, que envolve adeptos da tradição religiosa afro-brasileira, gestores e profissionais de saúde, integrantes de organizações não-governamentais, pesquisadores e lideranças do movimento negro.
Ela foi criada em março de 2003, durante o II Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (São Luís/MA). Atualmente, a Rede Nacional conta com mais de 36 núcleos espalhados pelo país, além de representações em 21 estados.
A Rede Nacional tem como objetivos: valorizar e potencializar o saber dos terreiros em relação à saúde; estimular práticas de promoção da saúde; monitorar e intervir nas políticas públicas de saúde exercendo o controle social; legitimar as lideranças dos terreiros enquanto detentores de saberes e poderes para exigir das autoridades locais um atendimento de qualidade, onde a cultura do terreiro seja reconhecida e respeitada; reforçar a importância de interligar as práticas de saúde realizadas nos terreiros com as práticas de saúde no SUS; contribuir para uma reflexão sobre diferentes aspectos da saúde da população dos terreiros; estabelecer um canal de comunicação entre os adeptos da tradição religiosa afro-brasileira, os gestores/profissionais de saúde e os conselheiros de saúde.
Os interessados podem fazer as inscrições por meio do blog:

http://aspajapi.blogspot.com/2011/02/garanta-logo-sua-vaga-ficha-de.html

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terça-feira, 26 de abril de 2011

Acusado de furtar ovo de páscoa, homem é surrado por segurança das Lojas Americanas

Um ovo de páscoa foi o motivo para Márcio Antonio de Souza, de 33 anos, ser espancado, segundo ele, dentro da Lojas Americanas, localizada no centro de Campo Grande. O homem, que trabalha como vigilante, caminhava pela loja quando, por volta das 9 horas deste sábado (23), foi abordado por um segurança e levado para uma sala reservada.

No local, Márcio teria sido acusado de furtar um ovo de páscoa e foi brutalmente agredido. Ele foi para a Santa Casa de Campo Grande, onde recebeu atendimentos no setor de ortopedia, com o nariz fraturado.

O rapaz conta que o chocolate havia sido comprado em outro estabelecimento, mas garante que nao teve tempo de explicar. A família acredita que a agressão foi motivada por racismo. Márcio é afro-descendente.

“Tinha comprado dois ovos de páscoa no Makro (outro estabelecimento na Capital) e marcado para entregar um deles na rua Cândido Mariano para minha filha, na frente da loja. Após dar o presente dela, resolvi atravessar a loja das Americanas para pegar minha moto, que tinha deixado na rua Dom Aquino. Foi quando fui pego pelo segurança”, conta Márcio.

A radiografia confirmou uma fratura no nariz e o rosto do vigilante está cheio de hematomas.

Ainda segundo a vítima, o segurança sequer teria perguntado sobre a nota fiscal ou sobre a procedência do produto. “Ele simplesmente disse ‘você é um ladrão e merece apanhar’ e começou a me bater. Se tivesse perguntado eu chamaria minha ex-mulher Clemilda, que estava lá fora com minha filha, pra explicar tudo”, afirmou.

Procurada, a gerência do estabelecimento não atendeu à reportagem nem se manifestou oficialmente sobre o episódio. O gerente apenas informou, por meio de um atendente, que “não irá dar entrevista agora” e que “desconhece o caso”.

A amiga Adélia da Silva Oliveira, 35, confirma que os ovos de páscoa foram comprados por Márcio na empresa Makro, onde ela trabalha. A família ainda confirma estar com a nota fiscal da compra dos chocolates.

Além do nariz, Márcio acabou com o olho esquerdo muito ferido e teve lesões buco-maxilares. Ainda segundo ele, outro segurança impediu que as agressões continuassem. “Depois que o cara parou um pouco de me bater, outro segurança chegou e falou pra eu ir embora porque o que estava me batendo era violento e lutador de jiu-jítsu, e poderia me matar”, relata Márcio.

A ex-mulher de Márcio, Clemilda, e a filha de 11 anos deles prestaram os primeiros socorros. Ele chegou a desmaiar duas vezes na espera pelo atendimento. “Queriam que eu saísse de capacete da loja, para não mostrar o olho, mas não deixei, e nem registraram nenhum boletim de ocorrência de furto dentro da Americanas”, afirmou.

Segundo Márcio, após a agressão não houve nenhum tipo de atendimento por parte dos funcionários da Americanas.

A família encaminhou Márcio para a Unidade de Pronto Atendimento Vila Almeida, e depois para a Santa Casa. Ele deve passar por cirurgias na segunda-feira (25) para reparação dos ferimentos no nariz e no maxilar.

Racismo
Gilson Fernandes, irmão de Márcio, acredita que o motivo das agressões foi racismo. “Trabalho na área da segurança privada, não se faz uma violência dessa. Acredito que o ponto ‘x’ desse caso tenha sido a cor da pele do meu irmão”, relatou o segurança de 39 anos.

“A empresa é responsável pelos funcionários que contrata, e nós não vamos deixar esse caso ficar ileso”, comentou Gilson. “Toda família está abalada, minha sobrinha de 11 anos que me ligou falando que o pai tinha sido espancado, isso é inaceitável”, lamentou o segurança.



Márcio registrou a ocorrência na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) acusando a rede de Lojas Americanas e os funcionários que participaram da agressão por racismo, lesão corporal, tortura, situação vexatória, ameaça e calúnia. Da delegacia, o vigilante seguiu para o Imol (Instituto Médico Odontológico Legal) para realizar o exame de corpo de delito.

Fonte: Midia Max

Movimento Negro e Estatuto da Igualdade Racial são temas de palestra

A Secretaria de Participação e Parceria (SMPP) realiza no dia 28 de abril a palestra “Movimento Negro e o Estatuto da Igualdade Racial: desafios para a proposição de políticas públicas”. Organizada pela Coordenadoria dos Assuntos da População Negra (CONE), o debate ocorre no auditório da SMPP a partir das 17 horas.
A palestra será ministrada por Ivair Augusto Alves dos Santos, professor doutor da Universidade de Brasília. Ivair, também, é autor do livro O Movimento Negro e o Estado (1983-1987). A publicação, que teve realização da CONE, registra o início do movimento negro em São Paulo, os partidos políticos junto a questão negra, a criação e a história do Conselho da Comunidade Negra.
Os interessados em participar da palestra devem entrar em contato com a CONE pelo telefone 3113-9745 e realizar a inscrição.
A Coordenadoria dos Assuntos da População Negra tem como finalidade e competência formular, coordenar, acompanhar, sugerir e implementar políticas de ação governamental junto à população negra, visando o combate à discriminação racial e a defesa dos direitos, bem como a promoção e o apoio à integração cultural, econômica e política desta população.
Serviço:
Palestra – Movimento Negro e o Estatuto da Igualdade Racial: desafios para a proposição de políticas públicas
Data: 28/04/2011
Horário: das 17h às 19h
Local: Auditório da SMPP (térreo) – Rua Líbero Badaró, 119, Centro
Inscrições: pelo telefone 3113-9745
Fonte: Áfricas

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Grávida diz que foi vítima de racismo no mercado em que trabalha no RS


Parente do dono do estabelecimento teria contato piada racista para jovem.
Empresa diz que racismo foi cometido por pessoa na condição de cliente.


Uma mulher negra, de 23 anos, disse ter sido vítima de racismo no supermercado em que trabalha como operadora de caixa em Caxias do Sul (RS), na terça-feira (12). A jovem, que está grávida de 7 meses de um menino, registrou um boletim de ocorrência contra o autor dos atos de racismo, que seria parente do dono do supermercado.
Queren Hapuque explicou ao G1 que limpava o caixa antes do expediente com outras funcionárias, quando o parente do dono do supermercado apareceu. Ele começou a conversar com as jovens e, em determinado momento, abordou Queren para contar uma piada com sentido racista.
“Ele começou a rir, achando graça. Eu virei de costas, fiquei pensando no que ele queria dizer, porque na hora eu não entendi. A menina do lado começou a rir e perguntou se eu não tinha entendido a piada”, disse Queren. “Depois, eu abaixei a cabeça e não acreditei que ele estava chamando a mim e a meu filho de macaco. Saí dali para o banheiro, para chorar.”
A operadora afirmou que ficou tão abalada que pediu para ser dispensada do trabalho naquele dia. “Eu estava com vergonha de olhar para as pessoas, porque todo mundo já estava sabendo. Fui até a casa da minha sogra, ainda não tinha noção do que fazer. Minha família ficou revoltada e me levaram até a delegacia”, disse.
Queren afirmou que não teve coragem de ir trabalhar nesta quarta-feira (13) e não sabe se vai voltar ao trabalho justamente porque o autor do racismo é parente do dono. “Eu não quero mais encontrá-lo. Se eu pudesse sair da cidade, eu sairia. Tenho a sensação de que as pessoas vão olhar e comentar ‘olha a mãe macaca e o macaquinho’. Meu filho ainda nem nasceu e não merece passar por isso já”, disse.




Fonte: G1.com.br

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Não há Professores Negros nas Universidades

Se os debates sobre o sistema de cotas nas universidades atentaram para a baixa representatividade dos negros entre estudantes de cursos superiores do Brasil, um novo estudo vai mostrar que a segregação racial é ainda mais forte do outro lado da sala de aula. Pesquisa pioneira do professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) José Jorge de Carvalho constatou que nas maiores e mais importantes instituições de ensino superior (IES), o número de professores negros (pretos e pardos) não chega, em média, a 1%. Esse percentual aponta para a perpetuação da desigualdade racial em todas as áreas de poder da sociedade brasileira. Vemos a influência de docentes das universidades de maior prestígio na tomada de decisões sobre os rumos da nação, tanto no controle da economia, como nos postos chaves do Judiciário e da administração superior; e esses docentes são invariavelmente brancos em um país em que os negros são 45% da população.

Em 2000, quando José Jorge Carvalho decidiu iniciar sua pesquisa, a idéia era fazer um censo racial apenas na UnB. Porém, quando percebeu o quanto os negros eram pouco representados na universidade, resolveu avaliar a mesma situação no resto do país. De 12 instituições analisadas, seis são aqui destacadas devido à sua importância acadêmica e à sua influência decisiva na estrutura de poder do Estado brasileiro. Em cada uma das universidades, a contagem foi feita por colegas professores, em sua maioria negros. Na UnB, José Jorge teve a ajuda de professores e alunos para fazer a conta. Ao todo, cerca de 20 docentes se envolveram na pesquisa. Carvalho explica que realizou um censo de identificação e não de entrevista.

Entre as instituições analisadas, o antropólogo destaca seis: a Universidade de São Paulo (USP), a Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Estadual de Campinas (Unicamp), a Federal de Minas Gerais (UFMG), a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a de Brasília (UnB). Entre essas, a primeira foi considerada o caso mais crítico. Na USP, dos 4.705 docentes em atividade, apenas cinco são negros, o que representa em torno de 0,1%. Já a UnB foi a que apresentou o que poderíamos chamar, ironicamente, de “melhor” resultado: dos 1.500 professores, 15 são negros, o que equivale a 1%. O número total de docentes encontrados nessas seis instituições foi de 15.866, entre os quais apenas 67 negros. A média geral não passa, portanto, de 0,5% de docentes negros.


Para Carvalho, essas seis universidades refletem e reproduzem uma rede de poder que influencia praticamente todo o ensino superior e a pesquisa no país. “Tudo passa por ali. Se os negros estão excluídos dessas instituições, eles estão fora da elite do ensino e da pesquisa no Brasil inteiro”, aponta. Isso mostra que o país é um desastre mundial em termos de exclusão racial na docência superior e na pesquisa. De acordo com o professor, não há solução imediata para o problema. E, sem intervenção, não haverá saída nem a longo prazo.

Na opinião do antropólogo, o sistema de cotas na graduação é apenas o primeiro passo para mudar essa situação. "Mas elas sozinhas não resolvem o problema porque, daqui a pouco, os cotistas formados vão querer fazer pós", observa. Por isso é preciso estudar medidas para incluir negros no doutorado e na docência, já que o racismo afeta todas as dimensões do ensino superior.

Propostas
Em sua pesquisa, Carvalho, autor do Plano de Metas para a Integração Social, Étnica e Racial da UnB, que inclui o sistema de cotas, apresenta uma alternativa para tentar melhorar o ingresso de negros na carreira acadêmica: o chamado acesso preferencial. A proposta não reservará vagas, como é feito com as cotas, mas, sim, dará preferência para negros que queiram entrar na pós-graduação, na docência superior e na carreira de pesquisador.

O pesquisador acredita que, além do sistema de preferências de vaga, os alunos negros deveriam também receber bolsas, tendo em vista que a grande maioria deles é pobre. O sistema funcionaria da seguinte forma: cada universidade receberia um determinado número de bolsas de mestrado e doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as distribuiria entre os institutos. Os candidatos negros aprovados para a pós-graduação teriam preferência para recebê-las, segundo um número mínimo definido pelos institutos.

Nas cinco mil vagas que o Ministério da Educação (MEC) abrirá para professores, por exemplo, o professor sugere que os negros que fossem aprovados nos concursos deveriam ter preferência de contratação. “Uma oportunidade como essa poderá não se repetir em uma década e ainda assim os docentes brancos no poder estão dispostos a perpetuar essa exclusão racial escandalosa. Não é possível que o MEC ainda não tenha atentado para esse fato”, diz.

Na carreira de pesquisador, uma categoria para quem tem a bolsa de Produtividade e Pesquisa do CNPq, cujas vagas são muito disputadas, haveria também uma preferência de ingresso. Carvalho sugere que se repensem critérios de julgamento e mérito nas aprovações, na medida em que as comissões do CNPq indicam para a bolsa apenas os candidatos considerados melhores. Nesse caso, o que se propõe é uma avaliação qualitativa das condições de ingresso de um professor negro, analisando o currículo e o projeto de pesquisa do candidato dentro de uma política deliberada de formação de pesquisadores negros.

Fonte: UNB
Publicado em 20/07/2007.
Conselho Estudal dos Direitos do Negro


Homem Escala Mastro e Queima Bandeira do Brasil, Em Protesto Contra O Racismo

Identificado como Paulo Sérgio, ele protestava contra a morte de negros no Brasil.

Na manhã de Quarta-Feira (13-04), depois de 4 horas, Paulo Sérgio Ferreira, de 38 anos, decidiu terminar o protesto que realizou ao subir o mastro da bandeira brasileira que fica na praça dos Três Poderes, em Brasília. Ele chegou a queimar um pedaço da bandeira e por isso deverá ser processado por crime federal.

Ferreira disse ser paulistano e afirmou que estava fazendo um protesto contra a perseguição e morte de pessoas da raça negra no País. Ele também xingou o líder do governo no Congresso Romero Jucá (PMDB-RR) de “assassino de negros” .

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, Ferreira subiu as escadas do mastro, que tem cerca de 120 metros de altura, por volta das 10h. Em seguida jogou um pedaço de papel com o seu número de telefone celular. Por telefone conversou com emissoras de televisão e relatou por que havia tentado queimar a bandeira.

Além do Corpo de Bombeiros, foi chamada para a o atendimento da ocorrência a Polícia Civil. Segundo o delegado Laercio Rossetto, Ferreira passaria por exames e depois seria encaminhado para prestar depoimento. Preso, o homem irá responder por crime de dano qualificado contra o patrimônio da União, por ter queimado a borda da bandeira. A pena é de três meses a seis anos.


Bandeira parcialmente queimada.
Fonte: Pele Negra

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reafirmando Ações: Desconstruindo os Principais Argumentos contra as Cotas para Negros no Ensino Superior - Parte Final

Após uma longa pausa, damos continuidade à série. Pra quem não leu o começo, aqui estão a Parte 1 , Parte 2 e Parte 3.



4. “Cotas são atestado de inferioridade. Deve-se entrar na Universidade por mérito.” (ou Ações Afirmativas e Mérito Individual)

Dentre os argumentos contrários às cotas, aquele que provavelmente é mais difícil de rebater é aquele que defende a, assim chamada, “meritocracia”. De acordo com seus defensores, o mérito deve ser o único critério para a entrada em uma universidade, não podendo existir qualquer processo de diferenciação ou facilitação no acesso nos processos seletivos de ingresso ao ensino superior. Tal argumento por vezes possui certo caráter de acusação, pois coloca a Academia como um centro de excelência, que correria perigo caso pessoas sem a devida qualificação nela ingressassem. Neste ponto de vista as cotas são consideradas nefastas por auxiliarem determinados candidatos, algo considerado inaceitável. Refutar tal pensamento torna-se penoso, pois não há quem discorde que a competência seja exigência fundamental para a vida acadêmica. Entretanto, torna-se necessário refletir sobre o que caracteriza este tão alardeado mérito em entrar na universidade.

Primeiramente é preciso levantar a seguinte questão: o desempenho escolar conserva-se imune às especificidades dos diversos grupos sociais? Ou seja, é possível dizer que as desigualdades sociais (inclusive raciais) não interferem na formação dos indivíduos? Segundo trabalhos acadêmicos como CAVALLEIRO (2000) e PAIXÃO (2008), não é o que se verifica. Existe uma extensa bibliografia demonstrando que as desigualdades raciais, sobretudo no que concerne à discriminação no ambiente escolar e no mercado de trabalho, têm um severo impacto negativo para a população negra. Guimarães (2003) coloca uma série de inquietações que, se não rebatem totalmente as anteriores, podem apontar um paradigma distinto para a discussão, mostrando que a educação deve primar por incluir em vez de ranquear.
é necessário que fique bem claro o objetivo das universidades públicas: elas se destinam apenas aos mais competitivos e mais capazes? [...] Qual é o perfil que se deseja para o alunado dessas escolas? Como evitar uma associação perversa entre competitividade e nível de renda? Entre competitividade e identidade racial?
GUIMARÃES, 2003, p. 81.

Não deixa de ser curioso perceber que este mérito acima da cor ou origem do candidato leve sempre a contemplar a população branca de maneira mais representativa nas universidades brasileiras, mesmo em regiões do Brasil em que sejam um grupo minoritário. Guimarães cita dados do Programa A Cor da Bahia, que verificou a distribuição de estudantes segundo a cor nas seguintes IFES: UFRJ, UFPR, UFMA, UnB e UFBA. Em todas as instituições o alunado negro é minoritário, mesmo nos estados em que a população branca é majoritária. Destacam-se os casos do Maranhão (42,8% de alunado negro na IFES com 78,7% de população negra no estado) e da Bahia (42,6% de alunado negro na IFES com 79,1% de população negra no estado) (GUIMARÃES, 2003, p. 35).
Sales Augusto dos Santos convida a uma reflexão ainda mais profunda, desconstruindo o próprio conceito de mérito vigente e invertendo a equação. Se a população negra enfrenta uma trajetória escolar mais conturbada, já possui mais mérito simplesmente por concluir o ensino médio, naquilo que é colocado na diferenciação entre o chamado “mérito de chegada” (que leva em conta toda a vida escolar) e o “mérito de chegada” (a competitividade para passar no vestibular).

Faz-se necessário saber de quem é o mérito ou, se se quiser, quem tem mais mérito. Serão aqueles estudantes que tiveram todas as condições normais para cursar os ensinos fundamental e médio e passaram no vestibular ou aqueles que, apesar das barreiras raciais e de outras adversidades em sua trajetória, conseguiram concluir o ensino médio e também estão aptos a cursar uma universidade?
SANTOS, 2003, p. 113.


CONCLUSÃO

A partir de uma pesquisa em obras que tratem das relações raciais no Brasil é possível desmistificar preconceitos e superar visões embasadas pelo senso comum e pelo racismo que deturpem as finalidades das ações afirmativas, colocando a opinião pública contra as mesmas por influência de tais discursos tendenciosos, o que termina por manter as desigualdades existentes na sociedade brasileira.

É bom também lembrar que as cotas não premiam ninguém com vagas nem com aprovação automática. Os cotistas enfrentam a mesma prova e têm que passar pelo mesmo rigor na correção. A única diferença é que eles concorrem com estudantes que possuem origem social e trajetória escolar similar em vez de fingir uma posição de igualdade entre os pleiteadores das escassas vagas das IPES.





  




sexta-feira, 8 de abril de 2011

ATO NACIONAL CONTRA DEPUTADO JAIR BOLSONARO

A ideia é fazermos uma passeata em todas as cidades do país (mas como isso é utópico, vamos fazer onde se concentrar gente, e onde tivermos pessoas que tenham noção do real absurdo dito pelo deputado Jair Bolsonaro). Nas capitais e no interior, do sul ao norte, no litoral, no serrado, no pantanal, todos os lugares possíveis. Mostrem suas caras, enviem fotos, postem no mural.

Crie um evento pra sua cidade, divulgue, se vira! Ou vai ficar aí parado, fazendo revolução atrás do computador?

Todos somos negros, brancos, índios, mamelucos/caboclos e mais e mais. É disso que somos feitos e é essa mistura que nos fazem feliz, mesmo com todos os problemas, nas piores horas, darmos aquele sorriso e levarmos adiante, dando um "jeitinho" que só nós sabemos como fazer.

Essas pessoas que não respeitam a diversidade racial, sexual e religiosa precisam acordar para a realidade! Obviamente temos que respeitar a liberdade de expressão, mas é aquela máxima: "O SEU DIREITO ACABA QUANDO COMEÇA O DIREITO DO OUTRO". E se todos somos iguais, se todos temos direito de ir e vir, de termos nossas preferências, não podemos correr o risco de alguém impôr a verdade particular sobre a verdade do coletivo ou mesmo individual. O Bolsonaro não tem o direito de ferir a integridade de uma pessoa pela origem dela, índio, negro, asiático ou seja lá qual for, muito menos pela orientação sexual do ser.

Vamos mostrar que ele não representa todos nós, que ele não é maioria!


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Não tá sabendo o que rolou? EM QUE MUNDO VOCÊ VIVE? AFF

O Povo Quer Saber - Jair Bolsonaro (Programa CQC):


Preta Gil? Que fez ela? Fez isso: 


Bolsonaro diz que confundiu perguntas em programa de TV (Revista VEJA):


OAB pedirá cassação de Jair Bolsonaro por declarações homofóbicas:


 
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